Prezadas leitoras, caros leitores —

Vocês certamente lembram: os cientistas usavam jalecos, não raro cachimbo à mão. Os computadores eram grandes caixas com muitas lâmpadas de cores distintas e piscantes, alavancas, botões. Os discos-voadores eram de metal brilhante e, os alienígenas, pareciam de borracha. (Eram de borracha.)

Não é à toa que estas são imagens tão vívidas — mais de quinhentos filmes de ficção-científica foram produzidos pelo cinema americano entre 1948 e 62. Eram, com raras exceções, filmes de segunda categoria. Ainda assim, popularíssimos.

A mesma explosão de fascínio com ficção-científica ocorria, entre os anos 1940 e 60, na literatura. Mas, diferentemente do cinema, muita coisa de grande qualidade apareceu. Arthur C. Clarke, Ray Bradbury, Philip K. Dick — os autores venerados são muitos. Agora, dois clássicos deste tempo chegam em adaptações para o audiovisual. Na Apple TV+, ‘Fundação’ de Isaac Asimov virou série. E esta semana estreou nos cinemas ‘Duna’, adaptação de Denis Villeneuve para a obra de Frank Herbert — no final de novembro o filme estará no streaming da HBO Max.

Seja ficção baseada em ciência dura, seja com toques de fantasia, aquela explosão teve motivo de ser. O mundo venerava ciência, se espantava com ciência, temia ciência mas, fundamentalmente, se compreendia moderno por ser científico.

A penicilina, a explosão das bombas atômicas, a vacina de polio, o primeiro satélite espacial, Yuri Gagarin e o homem na Lua. Havia uma percepção real de que a ciência impulsionava a humanidade à frente. A ficção-científica ajudava a temperar ansiedades, ensinava sobre um mundo em constante transformação, servia de metáfora à política.

Aí perdemos isso.

Há muita tecnologia à volta, claro, mas a ciência, o conhecimento que viabiliza novas tecnologias, é vista com desconfiança.

Será que há algo que o mundo da Guerra Fria pode nos ensinar? Este é o tema da edição de sábado do Meio. E, a edição de sábado você sabe, é exclusiva dos assinantes premium.

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— Os editores

Estouro do teto causa debandada na equipe de Guedes

O estouro no teto de gastos admitido por Paulo Guedes para pagar o Auxílio Brasil de R$ 400, nova bandeira eleitoral de Jair Bolsonaro, cobrou seu preço na Equipe Econômica e, claro, no mercado financeiro. E não foi barato. Bruno Funchal, secretário do Tesouro e Orçamento e mais três auxiliares da pasta pediram demissão nesta quinta-feira: Jeferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional; Gildenora Dantas, secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento; e Rafael Araujo, secretário-adjunto do Tesouro Nacional. O Ministério da Economia disse que as demissões eram por “motivos pessoais”, mas antes do anúncio, Funchal reuniu a equipe e disse que, após o estouro do teto, não tinha condições de continuar no cargo. “Foi uma questão de princípio”, disse ele a interlocutores. O acordo fechado nesta quinta no governo prevê uma mudança no teto de gastos que abre um espaço de R$ 83,6 bilhões para despesas adicionais em 2022. Horas depois, a medida foi aprovada dentro do texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios votada pela comissão especial da Câmara dos Deputados. (Estadão)

Então... Na linha dos gastos sem fonte definidas, Bolsonaro resolveu atacar outra fonte de críticas, a alta do diesel, também com um benefício de R$ 400, mas para os caminhoneiros. O valor deve ser pago de dezembro de 2021 a dezembro de 2022, coincidentemente o ano eleitoral. Mas o “auxílio diesel” não deve impedir as paralisações da categoria marcadas para 1º de novembro. Carlos Alberto Litti, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), disse que o valor anunciado por Bolsonaro não paga 100 litros do combustível. (Poder360)

Pode ser coincidência, mas José Mauro Coelho, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, também pediu demissão ontem. A pasta informou que, após a quarentena obrigatória, ele vai para o setor de combustíveis na iniciativa privada. (Globo)

“Waiver Day”. O temor de descontrole fiscal disparou um forte movimento de aversão ao risco no mercado brasileiro. O Ibovespa fechou em queda de -2,94%, aos 107.527 pontos, um dos menores níveis de fechamento do ano. Já o dólar voltou a ganhar força, subindo 1,92%, cotado a R$ 5,66. E a sexta-feira tende a ser ainda mais turbulenta, já que debandada no Ministério da Economia foi divulgada após o fechamento do pregão, e seus efeitos só vão ser sentidos hoje. (Valor)

Em sua live semanal, Bolsonaro desdenhou a reação do mercado que, segundo ele, está “nervosinho” e poderá sair prejudicado caso “exploda a economia do Brasil”. Ele admitiu que mais aumentos dos combustíveis vêm aí. (Poder360)

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Meio em vídeo. Muitos economistas se classificam como liberais. Poucos, dentre essa turma, mantiveram um discurso radicalizado por tanto tempo quanto Paulo Guedes. Pois foi sob a guarda dele que o teto de gastos foi rompido. E para algo muito pior do que o Bolsa Família. Porque o Auxílio parece bom, mas quebra uma das melhores políticas que o Estado brasileiro tem. Veja no Ponto de Partida. (YouTube)

Apesar da leitura na quarta-feira, o relatório da CPI da Pandemia, o texto ainda vai mudar até a votação na próxima terça. Os senadores querem incluir dez nomes nos pedidos de indiciamento. Na lista estão funcionários dos ministérios da Fazenda e da Defesa e o reverendo Amilton Gomes de Paula, envolvido numa tentativa suspeita de venda da vacina da AstraZeneca à margem da Fiocruz. (Globo)

Acusado de nove crimes no relatório, Jair Bolsonaro não se fez de rogado e voltou a criticar as vacinas, comprovadamente eficazes, dizendo que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pegou covid-19 mesmo com duas doses da vacina. “Eu não tomei a vacina, quem quiser seguir meu exemplo que siga, quem não quiser que não siga, isso é liberdade”, disse ele na Paraíba. (Folha)

Escaldado pela PEC da Vingança, que só não passou por 11 votos, o Conselho Nacional do MP prevê uma reação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e tenta se antecipar, como conta o Painel. Os procuradores acham que após caçar traidores, Lira vai tentar votar uma versão anterior da PEC, que aumenta a ingerência política no CNMP. Eles cobram do procurador-geral Augusto Aras pressa na proposta de um código de ética da categoria, o que poderia aliviar a pressão pela PEC. (Folha)

O ministro do STF Alexandre Moraes determinou que a Polícia Federal acione a Interpol para prender o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que foi para os Estados Unidos em agosto do ano passado com autorização de permanência até em fevereiro deste ano. Moraes também acionou o Ministério da Justiça e a embaixada brasileira nos EUA para que ele seja extraditado. Santos, um dos influenciadores mais próximos da família Bolsonaro, é investigado por propagação de notícia falsas e ataque a integrantes da Corte a às instituições democráticas. O ministro ordenou ainda que as contas do blogueiro sejam bloqueadas e proibiu o repasse a ele de verbas públicas. (g1)

A ordem de prisão contra Santos foi comemorada por oposicionistas e classificada como arbitrária por aliados do governo, especialmente por contrariar parecer da Procuradoria-Geral da República. (Poder360)

Os diretórios do PSDB de RS, MG e BA, que apoiam o governador gaúcho Eduardo Leite nas prévias do partido, apresentaram à Comissão Executiva Nacional uma denúncia contra o diretório paulista, fechado com João Doria. Segundo eles, foram fraudadas as datas de filiações de 51 prefeitos e 41 vice-prefeitos paulistas para que eles tenham direito a voto nas prévias. Só podem votar os filiados até 31 de maio deste ano. Os aliados de Leite afirmam que o diretório paulista enviou ao TSE documentos com datas anteriores às filiações de fato. Os aliados de Doria negam. (Estadão)

Modelito para 2023?

Orlando Pedroso

Modelito

Cultura

Desde antes da pandemia os versos de Meu Coco já ecoavam na cabeça de Caetano Veloso, mas a canção e o álbum que leva seu nome só ganharam forma no isolamento forçado. O mais novo trabalho do artista, de 79 anos, entrou hoje nas plataformas (Spotify) e traz uma pegada política forte, já prenunciada no single Anjos Tronchos (YouTube). Em Não Vou Deixar, Caetano fala do desmonte do Brasil produzido por Bolsonaro: “Na?o vou deixar, na?o vou, na?o vou deixar voce? esculachar/ com a nossa histo?ria/ é muito amor, e? muita luta, e? muito gozo, e? muita dor/ e muita glo?ria.” Mas também há espaço para o romantismo, como o louvor à beleza miscigenada em Pardo e Cobre, e para a fofura de Autoacalanto, dedica ao neto Benjamin.  Todas as canções são de autoria exclusiva de Caetano, e a única participação vocal é da cantora Carminho no fado Você-Você. É o retrato de um artista isolado (involuntariamente), mas mais antenado que nunca. (Folha)

A partir do próximo dia 28 o público poderá matar a saudade do Theatro Municipal do Rio, que ficou 17 meses fechado devido à pandemia. A casa de espetáculos centenária vai reabrir com espetáculos gratuitos de balé, começando por A Noite de Walpurgis, parte da ópera Fausto, de Charles Gounod. Mas o acesso não vai ser total nem livre. Somente 550 dos 2.300 lugares estarão disponíveis, e público precisa ter comprovante de vacinação contra a covid-19. (Globo)

Falando em reabertura, a 17ª edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, um dos mais tradicionais do país, vai funcionar como evento-teste com público presencial. Serão 30 atrações nacionais e internacionais se apresentando entre os dias 12 e 15 de novembro na cidade do litoral fluminense. (Estadão)

Confira os destaques da agenda cultural.

Mais de 7 mil itens relacionados à trajetória de Lygia Clark – incluindo obras, catálogos de exposições, vídeos e documentos, além de cartas e materiais inéditos – serão reunidos a partir de sábado em um novo site. Idealizado por Alessandra Clark, neta da artista, o projeto é realizado pela Associação Cultural Lygia Clark com o Itaú Cultural.

O protagonismo feminino marca a segunda semana do festival Sesc Jazz, com a homenagem à compositora Tânia Maria, hoje, e dois shows internacionais na quarta: da pianista dinamarquesa Kathrine Windfeld e da trombonista belga Nabou Claerhout.

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Viver

As duas maiores cidades do país estão em vias de abandonar uma das mais eficazes proteções contra a covid-19, as máscaras. O prefeito carioca Eduardo Paes prevê para o dia 15 de novembro a liberação total, quando estima ter 75% da população da capital com duas doses ou a dose única da vacina. Em locais abertas, a exigência do uso de máscaras termina na próxima terça-feira. Na outra ponta da Via Dutra, a prefeitura de São Paulo é mais cautelosa e vai esperar a vacinação completa de adultos e adolescentes, o que jogaria a liberação do uso de máscaras para dezembro. (CNN Brasil)

Nesta quinta-feira o Brasil registrou 461 mortes por covid-19, elevando o total a 604.764, com a média móvel de óbitos em sete dias ficando em 366. É o décimo dia consecutivo com a média abaixo de 400. (g1)

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O vazamento de 32 mil documentos enviados por governos à cientistas e à ONU mostra a pressão de diferentes países a fim de atenuar um relatório para a Conferência Internacional do Clima (COP26), que começa no dia 31, na Escócia. Arábia Saudita, Japão e Austrália, por exemplo, querem uma transição mais lenta de combustíveis fósseis para fontes renováveis. Os países ricos não desejam pagar para que nações pobres mudem sua matriz energética. O Brasil é contra a recomendação de redução do consumo de carne e quer ênfase nos biocombustíveis. Todas essas demandas vão na contramão o texto preparado por especialistas para a conferência, que enfatiza o risco das mudanças climáticas e aponta soluções que desagradam aos governos. (BBC e BBC Brasil)

A Liga Nacional de Futebol (americano, NFL) está em vias de fechar um acordo com representantes de mais de dois mil ex-jogadores negros para acabar com a “regra de raça” nas decisões sobre danos cerebrais e demência. Ao longo dos anos, milhares de atletas entraram com pedidos de indenização por danos causados pelas costumeiras pancadas na cabeça. Porém um teste para avaliar o grau de demência do indivíduo tem uma pontuação diferente para negros, a dita regra de raça, dificultando o acesso destes e de suas famílias às reparações. (Washington Post)

Cotidiano Digital

A Microsoft lançou ontem o Surface Duo 2, seu novo telefone dobrável. O smartphone possui duas telas de 8,3 polegadas que podem executar aplicativos diferentes lado a lado. A ideia é que o aparelho torne as tarefas mais produtivas, como um “notebook minúsculo”. Com melhorias em relação à primeira versão, de 2019, o Surface Duo 2 vem com processador Qualcomm mais potente, câmera de lente tripla e suporte 5G. O novo dispositivo dobrável da Microsoft custa a partir de US$ 1.500 (R$ 8.466). (CNBC)

Falando em smartphone, a Xiaomi apresentará a série Redmi Note 11 na próxima semana, no dia 28 de outubro. O dispositivo deve contar com uma câmera de selfie no formato punch-hole — pequeno buraco para a câmera na tela inteiriça —, entre outros detalhes que serão divulgados pela empresa nos próximos dias. Além do Redmi Note 11, a Xiaomi pode lançar uma nova linha de smartphones em breve. (Olhar Digital)

O Google divulgou nesta semana um estudo sobre ataques phishing em massa contra canais na plataforma. O estudo envolve 15 mil contas falsas e mais de um milhão de mensagens disparadas. Segundo a companhia, os ataques foram realizados por vários hackers, e a empresa recuperou cerca de 4 mil contas roubadas desde 2019. Os golpes consistem em infectar os computadores dos criadores de conteúdo com um malware, roubando seus cookies de login. Depois de invadidas, as contas eram vendidas por US$ 3 a US$ 4 mil ou usadas para aplicar golpes com Bitcoin. Para combater os ataques, a plataforma tem exigido aos criadores a ativação de verificação de duas etapas, e bloqueado e-mails e arquivos suspeitos. (The Verge)

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