Guedes fura o teto

Não poderia acontecer sem autorização do ministro da Economia — e ele a concedeu. “Seria uma antecipação da revisão do teto de gastos, prevista para 2026”, explicou Paulo Guedes sem dar pista de qual o mecanismo legal para estourar o teto imposto pela lei. “Uma licença para gastar com essa camada temporária de proteção.” Pois assim nascerá o Auxílio Brasil, com valor fixado em R$ 400 mensais. Na avaliação do ministro, o benefício de R$ 400 é necessário para atender às famílias mais pobres, afetadas pela inflação. O objetivo do programa é também aumentar o número de beneficiários, de 14,6 milhões para 16,9 milhões. Para bancar o substituto do Bolsa Família, Guedes disse que o governo deve pedir o que chamou de waiver (renúncia de regra). De acordo com o governo, o espaço fora do teto será de R$ 30 bilhões, se aprovado. (Estadão)

Ou não... O principal adversário de Jair Bolsonaro na corrida presidencial foi às redes. “O PT defende um auxílio de R$ 600 desde o ano passado”, afirmou Lula. “O povo precisa. Ele tem que dar. Se vai tirar proveito disso, problema dele.” (Twitter)

A afirmação do ex-presidente tem objetivo político, fazer parecer pouco o que Bolsonaro oferece. “Governistas não escondem que na votação no Congresso vão subir o benefício para R$ 500”, ouviu Adriana Fernandes. “A vantagem da elevação do valor via Congresso é que a oposição poderá dizer que é uma vitória dos parlamentares. Por isso, os aliados do presidente já se antecipam.” (Estadão)

Malu Gaspar: “Até segunda, tudo caminhava para que fossem pagos R$ 300 em média por beneficiário. Naquela mesma noite, talvez pressionado pela iminente divulgação do relatório da CPI da Covid, um nervoso Jair Bolsonaro decidiu mudar tudo. Numa reunião tensa com os ministros políticos e os técnicos da equipe econômica, o presidente concluiu que era pouco. Ele pagaria mais, mesmo que para isso fosse preciso furar o teto de gastos. Embora ninguém discorde de que é necessário estender os benefícios sociais aos mais vulneráveis em tempos de crise, não faltam alternativas para fazer isso sem extrapolar os limites de gastos. A mais óbvia é cortar as emendas do orçamento secreto, dinheiro para emendas distribuído sem critério claro, mas, pelo jeito, o ‘programa social’ dos parlamentares é sagrado.”

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A tão esperada leitura ontem do relatório final da CPI da Pandemia foi recebida com desdém e deboche pelo clã Bolsonaro. Durante evento no Ceará, horas depois de o relatório citá-lo por nove crimes, o presidente disse que a CPI tomou tempo do ministro da Saúde e de servidores e “nada produziu não ser o ódio e o rancor entre alguns de nós”. Seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), também denunciado, imitou a gargalhada do pai ao ser questionado sobre a reação deste às acusações: “Você conhece aquela gargalhada dele? [Gargalha] Porque não tem o que fazer de diferente disso.” (g1)

Mas o relatório foi tudo menos risível. Renan Calheiros (MDB-AL) associou nove crimes a Bolsonaro, incluindo epidemia com resultado em morte, charlatanismo, prevaricação, incitação ao crime e crimes contra a humanidade e responsabilidade. Renan retirou as acusações de homicídio e genocídio de povos indígenas que constavam da minuta apresentada na segunda-feira. Além do presidente, foram pedidos os indiciamentos 65 pessoas e duas empresas (Precisa e VTCLog), por um total de 23 crimes. O relatório será votado na próxima terça, e o resultado da CPI vai para a Procuradoria Geral da República. (Folha)

Os três filhos mais velhos de Bolsonaro – o senador Flávio (Patriota-RJ), o vereador carioca Carlos (Republicanos) e o deputado Eduardo (PSL-SP) – entraram no relatório por incitação ao crime. Renan recuou da denúncia de advocacia administrativa contra Flávio. (UOL)

Após a leitura do relatório, o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) tentou impedir o indiciamento do presidente, alegando que a CPI não tinha autoridade sequer para interrogá-lo. Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão, foi cortante: “Quem comete crime tem que ser indiciado e investigado. Nenhum cidadão está acima da lei, e isso vale também para o presidente Jair Messias Bolsonaro.”

Confira a lista completa de pedidos de indiciamento e os crimes apontados. (g1)

Para o ministro do STF e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, a grande importância da CPI é apurar e expor os fatos e “colocar ou não um rol de crimes no relatório é uma decisão política”, mas que o Ministério Público não está preso a essa tipificação. (UOL)

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), perdeu por pouco, mas perdeu feio. A proposta de emenda constitucional que aumentava a ingerência do Legislativo no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), apelidada de PEC da Vingança, não obteve os votos suficientes e foi rejeitada. Foram 297 votos a favor e 182 contra, mas era preciso que 308 deputados apoiassem a proposta. (Folha)

Como o texto votado foi uma nova versão com mais concessões apresentada ontem pelo relator Paulo Magalhães (PSD-BA), Lira quer levar hoje ao plenário a versão original. “O jogo só acaba quando termina”, disse ele. (g1)

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve ontem por unanimidade o afastamento do governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), determinado mais cedo pelo ministro Mauro Campbell. Carlesse é investigado por recebimento de propinas e obstrução de Justiça, já foi alvo de operações de busca e apreensão pela Polícia Federal e ficará fora do cargo por 180 dias. (Poder360)

Bolsonaro se encontrou ontem com o presidente do STF, Luiz Fux, no lançamento de num novo tribunal regional federal, no primeiro contato presencial desde os discursos golpistas de 7 de setembro e da trégua posterior. Sorridente e sem máscara, Bolsonaro se disse “feliz por estar entre amigos, muitos deles no Judiciário”. Fux não comentou. (Folha)

Embratel

Tech no próximo nível

Cada vez maiores e mais sofisticados, os vazamentos de dados e incidentes de segurança não estão limitados a grandes organizações, mas àquelas que possuem algo atraente para os hackers. As motivações para os ataques são várias: desde questões financeiras, no caso de golpes de phishing, até políticas, como na violação de dados da Sony, em 2014. Mas o alvo é sempre o mesmo: aquele que for o mais fácil/fraco. Entenda como um hacker busca seus alvos e como as empresas podem criar estratégias de segurança com base nesse conhecimento.

O interesse por viagens hipersônicas tem provocado uma corrida entre as companhias aéreas para a criação de aviões com esse potencial. Numa viagem hipersônica Mach 5 (cinco vezes a velocidade do som), seria possível voar de Nova York a Londres em apenas 90 minutos, por exemplo. A Hermeus, uma startup com sede em Atlanta, está testando um novo tipo de motor projetado para uma pequena aeronave hipersônica não tripulada da Força Aérea dos Estados Unidos. A perspectiva é realizar o voo teste antes do fim da década. (CNN Business)

E a Foxconn, fabricante chinesa de produtos da Apple e outras empresas de tecnologia, revelou seus três protótipos de veículos elétricos. Os carros – um utilitário esportivo, um sedã e um ônibus – foram desenvolvidos em parceria com uma montadora taiuanesa e devem gerar US$ 35 bilhões em receita para a FoxConn nos próximos cinco anos. (Forbes Brasil)

Viver

O Brasil ultrapassou na manhã de ontem a marca de 50% da população com cobertura vacinal completa. Já são 107.407.959 (50,37%) pessoas com duas doses ou a dose única, lembrando que o mínimo para que uma doença seja considerada contida é de 70% totalmente imunizados. Confira como está a situação em cada estado. (g1)

Nesta quarta-feira o país teve 401 mortos por covid-19, totalizando 604.303 vítimas desde o início da pandemia. A média móvel de óbitos em sete dias foi de 380. Acre, Amapá, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte não registraram mortes nas últimas 24 horas. (UOL)

E o governo de São Paulo estuda manter obrigatório o uso de máscaras mesmo após o fim da pandemia. A medida valeria para unidades de saúde e outros ambientes ainda não divulgados. (Estadão)

Já na Câmara de Porto Alegre (RS), a sessão que discutia o veto do prefeito Sebastião Melo (MDB) à exigência de passaporte vacinal foi interrompida devido a cenas de violência. Manifestantes antivacina agrediram vereadores. Um cartaz com símbolos nazistas teria sido tomado de um dos agressores. (g1)

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A exemplo de São Paulo, o Estado do Rio determinou ontem o retorno às aulas totalmente presenciais na rede estadual de ensino. A medida entra em vigor na próxima segunda-feira. Apenas o reforço escolar, feito no contraturno poderá continuar remoto. (Extra)

“Zara Zerou.” O que parecia um trocadilho no sistema de som de uma filial em Fortaleza da Zara, rede de moda de luxo, era, segundo a polícia do Ceará, um código para alertar para a entrada de pessoas negras ou “com roupas simples”. A partir dali a pessoa era tratada como nociva, e deveria ser acompanhada de perto”, diz o delegado Sérgio Pereira. Segundo ele, esse tipo de preconceito já foi identificado em filiais da rede do Brasil e no exterior. Em nota, a Zara disse que estava colaborando com as investigações e que “não tolera nenhum tipo de discriminação”. (UOL)

Panelinha no Meio. É tanto azedume que uma doçura se faz necessária. E simples, para não tomar o nosso tempo. A queijadinha de colher. São só quatro ingredientes e 20 minutinhos de forno e nem precisa de geladeira. Pode servir na temperatura ambiente ou morna mesma.

Cultura

Temos todo o respeito pelos demais filmes que estreiam hoje, mas o assunto é Duna (trailer YouTube), adaptação de Denis Villeneuve para a epopeia de fantasia disfarçada de ficção científica escrita por Frank Herbert em 1965. A história reúne num futuro longínquo conflitos feudais e comerciais interplanetários, fanatismo religioso contra a tecnologia, figuras messiânicas etc. numa infinidade de camadas, ou, como diz o livro “planos dentro de planos dentro de planos”. A crítica classificou o filme como “deslumbrante” e “estonteante”, embora ressalte o maniqueísmo inerente aos blockbusters.

Confira a programação completa na sua cidade. (Adoro Cinema)

E estreou ontem, mas em streaming na Globoplay, Verdades Secretas II, a primeira novela feita exclusivamente para a plataforma. Livre das amarras da TV aberta, esta continuação da novela de 2015 promete ir mais fundo (sem trocadilho) no erotismo ao contar as consequências do crime que encerrou a trama anterior. (Estadão)

Paulina Chiziane, escritora moçambicana de 66 anos, ganhou o Prêmio Camões de 2021, uma das mais importantes honrarias da literatura em língua portuguesa, patrocinado pelos governos de Brasil e Portugal. É a primeira africana a receber o prêmio. Segundo júri, a obra dela, já publicada no Brasil, retrata “os problemas da mulher moçambicana e africana” e constrói pontes entre a literatura e outras artes. Chiziane comemorou o prêmio de 100 mil euros (cerca de R$ 645 mil): “Depois de tantas lutas, quando achei que já estava tudo acabado, vem esse prêmio. O que eu posso dizer? É uma grande alegria.” (Globo)

E se você tem o fetiche da bolachona preta, não perca a estreia hoje da websérie Vinil de Quinta. São 12 episódios (lado A e lado B, como os discos de vinil) sobre seis gêneros/movimentos: samba, bossa nova, rap e funk cariocas, Tropicália e Black Rio. (YouTube)

Cotidiano Digital

O Facebook vai mudar o nome da empresa para reposicionar a marca, segundo uma fonte interna da empresa ao The Verge. A novidade vem após denúncias de ex-funcionários, consequências de uma pane global e investimentos no metaverso. O novo nome segue em segredo absoluto até mesmo entre as pessoas que ocupam os cargos mais altos na empresa, mas a expectativa é que tenha relação com Horizon, que denomina a versão em realidade virtual do Facebook. O anúncio deve ocorrer em 28 de outubro, durante uma conferência anual da companhia. (The Verge)

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