Políticos se dividem entre tradição e o digital

Há, no tabuleiro do xadrez eleitoral, um conflito de visões. No centro, a pergunta: que tipo de campanha, e que tipo de política, levarão ao Planalto, em 2018? No Globo, Merval Pereira aponta: com Lula fora da disputa, os três líderes das pesquisas são Jair Bolsonaro, Marina Silva e Ciro Gomes. Nenhum vem de partido grande. Nem Bolsonaro, tampouco Marina, estão em busca de alianças para compor tempo de propaganda na TV. Ciro, discretamente, aposta numa união com o PT se chegar ao segundo turno. Mas conta com a distribuição de suas falas pelas redes.

Enquanto isso, a movimentação de PSDB, PT e MDB é no estilo antigo. Para Raymundo Costa, do Valor, os três já fazem o jogo clássico de ano eleitoral. As vozes radicais que agitam os militantes antes da campanha começam a ser abafadas conforme os políticos transitam para o centro em busca de alianças. Lula sutilmente cala o ‘Eleição sem Lula é fraude’. O movimento de FHC para encontrar um nome de fora implodiu. E o MDB do governo se prepara para uma reforma ministerial na qual terá poder quem prometer apoio nas eleições. O governo Temer conseguiu, até, botar na pauta a segurança pública como tema predominante. Segundo Eliane Cantanhêde, do Estadão, há até uma conversa sobre uma chapa PSDB-MDB, com Alckmin e Meirelles.

Em tempo: Emmanuel Macron, na França, montou um partido e se elegeu em menos de um ano. Donald Trump sequestrou dos políticos do Partido Republicano a legenda para se eleger. Na Itália, ontem, o Movimento Cinco Estrelas encostou em Berlusconi. Todos jogaram política fora do jeito tradicional.

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Mônica Bergamo foi à Papuda entrevistar Paulo Maluf. O ex-governador biônico vive em uma cela de dois treliches nos quais quatro camas são ocupadas. As paredes um pouco sujas, o chão limpo. “Querem que eu cumpra a pena? Tudo bem. Mas posso cumprir em São Paulo, perto da minha família. Posso cumprir em casa. Sou o único preso aqui que tem 86 anos. E cumprindo regime fechado. O único.’ Cardíaco, sobrevivente de um câncer na próstata, toma 15 remédios por dia. O banheiro da cela foi adaptado com degrau nivelado e barras para que segure. O velho político chora ao lembrar da mulher. “Sinto falta da Sylvia, sabe?”. Aí afirma, magoado. “Eu só fiz o bem a minha vida inteira.” (Folha)

Desde 2011 não havia tantas medidas de proteção contra exportação de produtos brasileiros. São 40, no total, a maior parte de EUA, Canadá e Argentina. A indústria que mais sofre é a siderúrgica. Há um excesso na produção mundial de aço, o que faz descer o preço. E a conta não leva em consideração a guerra tarifária no setor prometida pelo presidente americano Donald Trump. (Estadão)

Trump deseja uma tarifa global de 25% para a importação de aço e de 10% para o alumínio. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA e a sobretaxa deve afetar um terço das nossas exportações.

Em tempo: Na sexta, a porta-voz de Trump, Sarah Huckabee Sanders, driblou o jornalista que queria saber se a decisão era final. “Nunca diga nunca”, disse. Ontem, o secretário do Comércio Wilbur Ross seguiu o mesmo caminho. “O que ele disse foi dito; se disser algo diferente, será diferente.” (New York Times)

A coalizão de centro-direita liderada pelo ex-premiê italiano Silvio Berlusconi levou, segundo as pesquisas de boca-de-urna, algo entre 225 e 265 cadeiras no Parlamento. É bem menos do que as 316 necessárias para maioria absoluta. Terá de negociar para formar um gabinete. Em segundo está o Movimento Cinco Estrelas, igualmente conservador, porém marcado por aversão ao status-quo. Terá entre 195 e 235 cadeiras. Não está claro, portanto, se Berlusconi conseguirá costurar um governo. Ao Partido Democrático do atual premiê Matteo Renzi, de centro-esquerda, sobraram de 115 a 155 cadeiras. Um sentimento anti-imigração marcou o pleito. Mais de 600 mil pessoas cruzaram o Mediterrâneo vindas de África em desespero desde 2013. Berlusconi promete deportações em massa. O desemprego, e uma recuperação econômica ainda tímida, também moveram o eleitorado. O PIB do país está 5,7% abaixo de onde estava há dez anos.

Cultura

O longa A forma da água (trailer) foi o grande vencedor do Oscar 2018. Ganhou quatro estatuetas, incluindo Melhor Filme e Diretor, o mexicano Guillhermo del Toro. Dunkirk (trailer) levou três prêmios, enquanto O destino de uma nação (trailer), Blade Runner 2049 (trailer) e Três anúncios para um crime (trailer) ficaram com dois. Veja todos os premiados.

“Se esta noite você é um candidato que não está fazendo história, que pena para você”, afirmou o apresentador Jimmy Kimmel durante a premiação. E a noite foi recheada de feitos históricos. O chileno Uma mulher fantástica (trailer) se tornou o primeiro filme estrelado por uma pessoa transexual a levar uma estatueta, de Melhor Filme Estrangeiro. James Ivory, aos 89 anos, se tornou o ganhador mais velho de um Oscar pelo roteiro adaptado de Me chame pelo seu nome (trailer). E Jordan Peele se tornou o primeiro negro a ganhar o prêmio de Roteiro Original, por Corra! (trailer).

Ashley Judd, Salma Hayek e Annabella Sciorra, três mulheres que acusaram Harvey Weinstein de abuso, subiram ao palco para falar sobre o Time’s Up, o movimento de artistas da indústria para lutar contra o assédio em Hollywood. Muitos atores foram à cerimônia usando o broche do movimento. E Frances McDormand, que a Melhor Atriz, fez todas as mulheres indicadas à premiação se levantarem, afirmando em seu discurso que todas elas têm projetos que precisam de financiamento.

Tônia Carrero, que morreu sábado durante uma cirurgia, foi, antes de tudo, uma atriz de teatro — grande, mesmo pertencendo a uma geração com Cacilda Becker e Bibi Ferreira. Estreou em 1949, no Teatro Brasileiro de Comédia, uma das companhias fundadoras do modernismo nos palcos. Passou a década de 50 com o segundo marido, Adolfo Celi, e o também ator Paulo Autran, na companhia Tônia-Celi-Autran. Foi belíssima. Mas seus papeis mais celebrados já vieram para uma atriz madura, nos anos 1960 e 70, que abraçava a mulher passada da meia idade que fora bonita um dia. Assim, se apresentou nos grandes papéis femininos do século 20: Quem tem Medo de Virginia Wolf?, A Visita da Velha Senhora, A Casa de Bonecas e, até, o maldito Navalha na Carne. Tônia Carrero é a estrela de Tico-Tico no Fubá (assista na íntegra), o mais celebrado filme da Vera Cruz. E é lembrada, pelo grande público, por novelas como Água Viva (cena). Tônia tinha 95 anos. (Estadão)

Gerald Thomas: “A Tônia deve estar feliz da vida: subiu aos céus e está brigando lá em cima com o Sérgio Britto! Voltaram a discutir quem era melhor ou pior, quem era mais ou menos volátil nesse mundo medíocre que deixaram aqui embaixo. ‘Essa mulher é impossível’ dizia ele durante os ensaios de Quartett, de Heiner Müller. ‘Ele é surdo. Completamente surdo, Gerald!’, berrava Tônia. Eu morria de rir. Eles se amavam. Tônia Carrero acabou ganhando o Prêmio Molière e, eu, entregando esse prêmio a ela. Ela cochichava no meu ouvido: ‘agora olha para o lado direito meu amor, porque assim você revela meu lado esquerdo’.” (Globo)

Duas entrevistas de Tônia. Uma, protocolar, sobre a história da televisão. Noutra, de 2000, a Gerald Thomas, de uma franqueza divertida.

Marina Lima tem single novo na praça. É um funk chamado Só os Coxinhas. Tem clipe. E tem Spotify.

House of Cards tem teaser novo no ar. E a atriz Robin Wright é a estrela. Veja.

Viver

Talvez você já tenha feito sua árvore genealógico no Geni.com, um site que permite que você complete sua árvore familiar e integre as árvores de outros usuários com parentes em comum. Pois é. Pesquisadores usaram a teoria de diagramas para limpar e classificar dados de 86 milhões de perfis públicos do site. Queriam fundir todas as famílias disponíveis. Depois de sete anos de trabalho, criaram uma árvore genealógica com 13 milhões de pessoas e 11 gerações. E fizeram descobertas. Constataram, por exemplo, que antes de 1750, a maioria dos cidadãos encontrava seu cônjuge dentro de um raio de 10 quilômetros do lugar de nascimento. Dois séculos depois, com o desenvolvimento de meios de transporte mais eficientes, começaram a se casar com pessoas nascidas a mais de 100 quilômetros de distância. E descobriram também que não adianta contar só com a genética para garantir longos anos de vida. Bons genes representam apenas 15% das variações na longevidade de uma população — os outros 85% são uma combinação de fatores ambientais, hábitos de vida e sorte.

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Foi realizada com sucesso, no luxuoso Hospital Mater Dei de Belo Horizonte, a cirurgia no pé direito de Neymar. A operação foi conduzida pelo médico da seleção brasileira, Rodrigo Lasmar, que colocou um parafuso no pé do atacante. O retorno aos treinos só deverá ser estimado dentro de seis semanas, quando o jogador será reavaliado pelos médicos do clube francês PSG.

Com a recuperação, o técnico Tite será obrigado a jogar sem o principal craque da seleção brasileira pela primeira vez. Que venha o plano B.

Galeria: Com temperaturas de até 10 graus abaixo de zero, veja imagens dos holandeses patinando no gelo pelos famosos canais de Amsterdã.

Cotidiano Digital

De 2000 para cá, 650 mil americanos morreram por acidentes de automóveis. É mais do que o dos americanos mortos em todas as guerras do século 20. Outra estatística: todos os anos, no mundo, morrem 1,25 milhão de pessoas por causa de carros. É, segundo a Organização Mundial de Saúde, a maior causa mortis entre 15 e 29 anos. Todos os indícios são de que carros autômatos vão reduzir em mil vezes o número de vítimas fatais. Esta semana, a Economist explora suas possibilidades. O Uber autônomo que chamamos na volta do trabalho, por exemplo, pode perfeitamente já trazer do caminho a comida encomendada para o jantar. Ou o artigo comprado no e-commerce. Aliás, lojas móveis, cujas frotas vão à casa do cliente para vender, também são prováveis. Outros modelos de negócio virão. Um carro de luxo é enviado à casa do cliente, cortesia do restaurante bacana onde ele tem reserva. Ou o carro que sirva de academia de ginástica não é improvável, assim como um que já chegue com manicure. Serviços oferecidos pelas operadoras de transporte para quem deseja aproveitar a viagem. Carros autônomos podem, até, trazer consequências imprevistas. Uma é a queda no consumo de cigarros. Postos de gasolina são os principais pontos de venda. A outra é diminuição de bons órgãos doados. Vêm, em geral, de jovens mortos na estrada. via Pioneiros

Nesta era de inteligência artificial e Big Data em que estamos, grandes empresas multinacionais com muitas décadas de vida terão uma vantagem. É a conclusão de um estudo realizado por IBM e a Universidade de Oxford. O segredo está na quantidade de dados. Bancos e cartões de crédito, afinal, sabem mais sobre sua história financeira e hábitos de consumo do que qualquer gigante do Vale. 80% dos dados que podem ser usados comercialmente a respeito de cada indivíduo pertencem a companhias como Unilever, Procter & Gamble, Bank of America. 20% estão nas digitais. Estes dados podem não ser utilizados ainda, em boa parte. Mas softwares inteligentes para analisá-los não são monopólio das empresas de tecnologia.

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