Prezadas leitoras, caros leitores —
O Meio se junta hoje à Agência Pública para lançar uma nova newsletter — uma bem diferente desta. É uma série. Uma única história dividida em episódios semanais.
A história que contaremos é narrada pela jornalista Natalia Viana, codiretora da Pública, cujo texto tem uma qualidade ímpar. Ela também viu essa história que contará de muito perto: faz dez anos que o Wikileaks mudou o mundo. Foi quando o site disponibilizou 250 mil telegramas diplomáticos do Departamento de Estado americano destrinchando a política interna de mais de 170 países. Natalia era a única jornalista brasileira trabalhando no núcleo da operação que reuniu os cinco maiores jornais do mundo — incluindo veículos brasileiros.
‘O ano em que o WikiLeaks mudou o mundo’ é gratuito. Basta preencher seu email e assinar a nova news. O primeiro episódio chega já. O segundo, a partir de 4 de janeiro.
Será possível assinar a qualquer momento, e quem o fizer terá acesso aos episódios anteriores. Como numa série.
— Os editores.
EUA querem dividir Facebook, Instagram e WhatsApp
A FTC, agência reguladora americana responsável por garantir o livre mercado, abriu processo contra o Facebook por práticas anticompetitivas. Pede, na Justiça, que WhatsApp e Instagram sejam restabelecidas como empresas separadas e concorrentes. Simultaneamente, um processo similar foi aberto por 48 dos 50 estados americanos — argumentam o mesmo, só param no limite de pedir a quebra da companhia. “Eles bloquearam a inovação e degradaram a privacidade de milhões de americanos”, argumentou a procuradora-geral de Nova York, Letitia James. “Nenhuma empresa deveria ter tanto poder sobre nossa informação pessoal e interações sociais.” (Recode)
O Facebook também é acusado de impor condições anticompetitivas a desenvolvedores de softwares. Um exemplo citado no processo é o aplicativo de vídeos curtos Vine, lançado em 2013 pelo Twitter. Ao percebê-lo como ameaça, a empresa de Mark Zuckerberg cortou o acesso do app a seus usuários. “As ações do Facebook para consolidar e manter seu monopólio negam aos consumidores os benefícios da concorrência. Nosso objetivo é reverter a conduta anticompetitiva e restaurar a competição, para que a inovação e a livre concorrência possam prosperar”. (Estadão)
O Face responde que a FTC quer fazer história revisionista. Afinal, foi a própria agência que autorizou a aquisição de Instagram e WhatsApp. (Verge)
Pois é… O processo contra o Facebook vai além do aberto contra o Google pelo Departamento de Justiça há dois meses. Naquele caso, os promotores acusaram a gigante das buscas de proteger ilegalmente um monopólio, mas não exigiram que os seus negócios fossem separados. Enquanto o caso do Facebook pode abrir precedentes pra que inúmeras operações de fusão feitas pelas big techs nos últimos anos sejam revertidas. O Google ainda espera pelo menos mais um processo do governo americano até o final do ano. E na Europa, os reguladores já estão propondo leis mais rígidas contra as empresas. (New York Times)
Tech no próximo nível
Plataformas de nuvem se tornaram o novo normal para muitas empresas com seus colaboradores trabalhando de casa. E, segundo o Gartner, a tendência é que a mudança não seja passageira: os gastos globais em serviços de nuvem pública devem crescer 18,4% em 2021. Uma das expectativas para o setor, no ano que vem, é que as plataformas como serviços sejam o segmento mais adotado pelas companhias. Também são esperadas mais parcerias entre os provedores de serviços de nuvem e teles. O desafio das empresas, passada essa fase de reestruturação e adaptação, será garantir uma infraestrutura de alto desempenho e que tenha capacidade de ganhar escala rápido, sempre que o cliente precisar.
O Brasil é o principal alvo de hackers que sequestram bancos de dados, ataque conhecido como ransomware. E as empresas brasileiras são as mais vulneráveis. Segundo a desenvolvedora Kaspersky, o país foi o mais atacado das 30 mil tentativas de sequestro de dados empresariais no mundo entre janeiro e maio deste ano. Um dos ataques mais recentes foi à Embraer, por exemplo. Os especialistas apontam que o aumento da adoção de home office contribui. Mas também o uso de tecnologias obsoletas facilita a entrada dos hackers. Na América Latina, 55% dos computadores ainda usam o Windows 7, que teve o suporte encerrado pela Microsoft em janeiro e não recebe mais atualizações de segurança. (Globo)
A pandemia tem atrapalhado a adoção da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) pelas empresas. Segundo uma pesquisa da ICTS Protiviti, de 296 companhias, 82% tiveram pontuação menor que 50 em 100 pontos possíveis, sendo consideradas atrasadas em seu trabalho de adequação. Apenas 18% pontuaram acima de 50. E mesmo dentre aquelas que cumprem algumas das medidas, os números ainda estão baixos: apenas 45,2% adotam políticas ou normativos e 36,6% têm um programa de segurança da informação. Segundo André Cilurzo, da ICTS Protiviti, as companhias focaram na sua sobrevivência nos últimos meses. (Estadão)
Política
Marcelo Álvaro Antônio manteve o Ministério do Turismo mesmo denunciado por uso de laranjas nas eleições de 2018, mas não resistiu à disputa política na Câmara em 2021. Ele foi demitido na tarde de ontem pelo presidente Jair Bolsonaro e a pasta deve estar entre os cargos a serem entregues ao Centrão na busca pela eleição de Arthur Lira (PP-AL) para a presidência da Câmara no início do ano que vem. (Folha)
Pelas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), anunciou que o presidente da Embratur, Gilson Machado, vai ocupar a pasta – pelo menos até se definir a reforma ministerial estudada para acomodar o Centrão na Esplanada. Machado é mais conhecido por ter tocado sanfona em uma live de Bolsonaro (Youtube)
A demissão foi selada pelo texto que Antônio publicou no grupo de mensagens dos ministros no Whatsapp. Num desabafo virulento, ele pergunta onde seu colega da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, estava durante a campanha eleitoral e o acusa de atacar “covardemente” os conservadores que desde então já apoiavam Bolsonaro. Após fazer um balanço de sua gestão, ele se diz surpreso por Ramos pedir sua cabeça ao presidente para entregar a pasta ao Centrão, ao mesmo tempo em que acusa o colega por pagar um preço alto, mas não conseguir uma “base sólida no Congresso”. (Antagonista)
Gustavo Alves: “A demissão de Marcelo Álvaro Antônio veio tarde demais para apagar o efeito de sua permanência na pasta durante dois anos: a de que o discurso contra a corrupção que elegeu Jair Bolsonaro não se torna prática, quando não interessa ao presidente. O agora ex-ministro foi denunciado pelo Ministério Público em 2019 por envolvimento no desvio de recursos do fundo eleitoral com candidatas mulheres laranjas do PSL, que comandava em Minas Gerais. Ficou no cargo.” (Globo)
Pano de fundo da queda do ministro do Turismo, a sucessão na Câmara começou ontem a ganhar contornos mais claros. O deputado Arthur Lira (PP-AL), apoiado pelo Palácio do Planalto e um dos líderes do Centrão, lançou oficialmente sua candidatura, afirmando ter o apoio de oito partidos: PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, PROS e Patriota. Ele é réu por corrupção passiva no STF, mas aposta num discurso moderado para atrair a oposição. Segundo o Painel, a maioria dos deputados do PSB já está fechada com ele. Do outro lado, o grupo do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), formalizou um bloco de seis partidos (DEM, MDB, PSDB, PV, Cidadania e PSL), mas só deve anunciar hoje um nome para enfrentar Lira. (Folha)
A produtora de conteúdo digital Astronauta Filmes, que tem contratos de pelo menos R$ 1,4 milhão com o governo federal, documentou de graça a inauguração de uma empresa de Renan Bolsonaro, filho 04 do presidente. A produtora diz que fez uma permuta para divulgação da marca, enquanto o Palácio do Planalto e Renan não se manifestaram. (Folha)
A partir de primeiro de janeiro, revólveres e pistolas poderão ser importados com alíquota zero, em vez dos 20% atuais. A medida, publicada ontem no Diário Oficial, era uma antiga promessa de Bolsonaro, que atua para ampliar o acesso da população a armas de fogo seja flexibilizando regras de compra, seja dificultando o rastreio desse material bélico.
Viver
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse ontem que a vacinação contra a Covid-19, prevista nacionalmente para março, pode começar ainda em dezembro, caso o laboratório Pfizer consiga a autorização emergencial da Anvisa e possa “adiantar algumas doses”. Na terça o governo anunciou um termo de intenção para comprar 70 milhões de doses do imunizante, que já está sendo usado no Reino Unido. Em nota, porém, a Pfizer informou, se confirmada a vacinação em dezembro ou janeiro, seria com uma quantidade pequena de doses, “de uso emergencial”.
A vacina da Pfizer, feita em parceria com o laboratório BioNTech, foi aprovada também pela agência reguladora do Canadá.
Na quarta-feira morreram 848 pessoas no Brasil devido à Covid-19, o maior registro diário desde o dia 12 de novembro. Há tendência de aceleração na média móvel de mortes no Distrito Federal e em 21 estados.
E o Rio Grande do Norte registrou o primeiro caso confirmado de reinfecção por coronavírus no Brasil. A paciente é uma profissional de saúde infectada em junho e novamente em outubro.
A meta climática apresentada pelo Brasil ao acordo de Paris permitirá ao país chegar a 2030 emitindo 400 milhões de toneladas de gases do efeito estufa a mais que na proposta original, de acordo com levantamento do Observatório do Clima.
A UEFA retomou na quarta-feira o jogo PSG e o Istanbul Basaksehir pela Liga dos Campeões, com outra equipe de arbitragem. Na terça, os jogadores de ambas as equipes abandonaram o campo após o quarto árbitro ter feito ofensas raciais ao camaronês Pierre Webó, integrante da comissão técnica do time turco. O PSG venceu por 5 a 1, com três gols de Neymar. Em nota, a entidade disse que está investigando o incidente e que o racismo “em todas as suas formas não tem lugar no futebol”
E foi assim que o mundo descobriu Sebastien Coltescu, o romeno de 43 anos acusado de racismo pelos jogadores. Seu currículo não é exatamente brilhante. Nunca apitou uma partida em uma competição internacional e chegou a ter a licença cassada em 2007 por mau desempenho.
O destaque negativo do dia ficou por conta do técnico português Jorge Jesus, hoje no Benfica. Em entrevista, ele disse que “está muito na moda isso de racismo”, e completou: “Hoje, qualquer coisa que se diga contra um negro é sempre sinal de racismo, mas o mesmo a um branco já não é sinal de racismo.”
Morreu ontem, aos 64 anos, o craque italiano Paolo Rossi, carrasco do Brasil na Copa da Espanha, em 1982. Foram dele os três gols que mandaram para casa a até então imbatível seleção de Telê Santana, uma das melhores que o país produziu. A partida terminou em 3 a 2, e, sob o comando de Rossi, a Itália avançou até conquistar o título na final contra a Alemanha Ocidental. A causa da morte não foi divulgada.
Panelinha no Meio. Esse vai ser um Natal diferente, com distância física, mas não afetiva, e cada família em sua casa. Pensando nisso, seguem três sugestões de cardápios para quatro pessoas. Escolha um e faça sua ceia privê.
Cultura
Estreia hoje Teocracia em Vertigem, especial de Natal do Porta dos Fundos para 2020. Desta vez, o programa, que conta a história de Jesus numa paródia ao documentário Democracia em Vertigem, será exibido somente no canal do grupo no Youtube. No ano passado, a sede da produtora foi atacada com bombas caseiras por um grupo neofascista após o lançamento de um especial de Natal - o atentado é mencionado no novo filme.
O Senado aprovou ontem um decreto legislativo que anula portaria da Fundação Palmares retirando 27 nomes da lista de personalidades negras. Publicada em novembro, a portaria entrou em vigor no último dia 1º e suprimiu do site da fundação nomes como Elza Soares, Gilberto Gil, Martinho da Vila, Milton Nascimento. Segundo o presidente da entidade, Sérgio Camargo, o objetivo era “moralizar” a lista de acordo com a “relevante contribuição histórica” das personalidades. O decreto precisa ainda passar pela Câmara.
O New York Times divulgou nesta quarta-feira sua prestigiada lista dos melhores atores de 2020, um ano em que o isolamento social mudou a lógica de distribuição de filmes e coroou o entretenimento consumido via internet. Zoë Kravitz encabeça a relação, graças a seu trabalho na série High Fidelity, da Hulu. Jovens talentos dividem espaço na lista com estrelas como Cher, Viola Davis e a eterna Sophia Loren. Mas o que mais chama a atenção é a presença de duas atrizes por publicações no TikTok, Sarah Cooper e Kylie Brakeman.