Aos 100 anos, morre Wilson Augusto Figueiredo
Uma vida longa entrelaçada ao jornalismo. Décadas dedicadas à escrita, à ética e à sensibilidade. “Evito pensar que possa ser o mais antigo jornalista em atividade no País. Há de haver outro desgraçado, e ainda mais velho, por aí”, escreveu em sua biografia E a vida continua: a trajetória profissional de Wilson Figueiredo. Foi na noite deste domingo, 20, que a vida seguiu, com pesar, sem o jornalista, poeta e escritor Wilson Augusto Figueiredo. Aos 100 anos, ele morreu de causas naturais no apartamento da família, no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. Seguiu lúcido e atuante até o fim. Deixa quatro filhos e oito netos.
Conhecido entre os amigos como Figueiró, nasceu 29 de julho de 1924, em Castelo, no Espírito Santo. Mudou-se ainda jovem para Belo Horizonte, onde se inseriu no grupo de intelectuais mineiros da cena cultural e jornalística do século XX. Em um ambiente que fomentou sua sensibilidade literária e jornalística, ficou amigo próximo de nomes como Fernando Sabino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos. Já nos anos 1950, fixou residência no Rio de Janeiro, onde se consolidou como um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro, sobretudo no Jornal do Brasil, onde atuou por quase cinco décadas. Lá assinou sua influente coluna política, tornando-se um dos comentaristas mais respeitados da imprensa. Foi, aliás, o primeiro a antever a renúncia de Jânio Quadros em 1961, um marco na história política do Brasil.
Além de sua vasta atuação como jornalista, Figueiredo também deixou sua marca na literatura. Publicou livros de poesia, como A Mecânica do Azul (1946), e se destacou como analista político e escritor, com obras como 1964: O Último Ato e De Lula a Lula. Seu olhar atento e a combinação entre jornalismo e lirismo fizeram dele uma figura única, reconhecida tanto por sua profundidade intelectual quanto pela capacidade de capturar o espírito do seu tempo. Após sua aposentadoria, Figueiredo continuou sua trajetória no campo da comunicação, colaborando com a FSB Comunicação até seus últimos anos de vida, onde se tornou um mentor para gerações de jornalistas mais jovens, sempre com a mesma dedicação e visão crítica que marcaram sua carreira. Seu corpo será velado na terça-feira, 22, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. O sepultamento está previsto para acontecer às 15h.