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Cinemas têm lutas políticas, dramas biográficos e sexo passado e presente

Cena do filme “A Batalha da Rua Antônia”, vencedor do festival do Rio. Foto: Divulgação

Na semana em que acusados de conspirar contra a democracia se tornaram réus, um filme nos lembra (ou ensina para os mais jovens) um momento marcante da ditadura instaurada em 1964. Escrito e dirigido por Vera Egito e vencedor do Festival do Rio, A Batalha da Rua Maria Antônia reconstitui o conflito entre estudantes da USP, contrários ao regime, e da ultraconservadora Universidade Presbiteriana Mackenzie, um dos redutos do grupo paramilitar Comando de Caça aos Comunistas (CCC). A fotografia em preto e branco valoriza a reconstituição de época de dá ares de documentário ao filme, baseado em fatos reais.

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Também inspirado na realidade, Meu Nome É Maria retrata a vida e o drama da atriz Maria Schneider (1952-2011), mundialmente famosa por estrelar, aos 19 anos, O Último Tango em Paris. O longa mostra o comportamento abusivo do diretor Bernardo Bertolucci e do astro Marlon Brando, culminando com a infame cena na qual este usa manteiga como lubrificante para um coito anal (simulado). Maria sabia da cena, mas não do “aditivo”, ideia do ator aprovada pelo diretor, que queria dela uma reação de repulsa e raiva autêntica. O incidente e o filme deixaram marcas profundas na mente e na carreira da jovem.

Em Oeste Outra Vez, Ângelo Antônio e Babu Santana vivem dois homens no interior de Goiás que se tornam inimigos figadais por conta de uma mulher. Matadores de aluguel contratados de lado a lado, mas não muito competentes, dão um ar cada vez mais trágico à rivalidade de ambos. Em um mundo de masculinidade ao mesmo tempo agressiva e frágil, o caminho para a tragédia está pavimentado.

Cazuza cantava “você sonhava acordada um jeito de não sentir dor”. Em Novocaine: À Prova de Dor, isso não é um sonho para o contador Nathan Caine, portador de uma condição genética que o torna insensível a dores físicas. Ele se machuca, e muito, apenas não sente. Até o dia em que um assalto na empresa em que trabalha põe em risco sua amada, obrigando-o a usar seu “superpoder” para salvá-la, não importa o dano que isso cause a seu corpo. Oficialmente é suspense e ação, mas as situações são tão bizarras que o filme ganha ares de comédia.

No caminho inverso, o francês Quando Chega o Outono é um drama, mas conta com elementos de suspense ao mostrar a relação das vizinhas idosas Michelle e Marie-Claude com os filhos. A primeira envenena acidentalmente a filha interesseira com cogumelos silvestres e se vê proibida de cuidar do neto. Mas será que foi um acidente mesmo? Já a segunda precisa lidar com o sentimento de culpa em relação ao filho, que acaba de sair da prisão. Qual o segredo entre eles?

Ainda no espaço entre os estilos, o brasileiro Câncer com Ascendente em Virgem procura tratar de forma leve (mas não jocosa) uma situação dramática. Suzana Pires, que também assina o roteiro, vive Clara, uma professora controladora que é diagnosticada com câncer de mama. Enquanto trata a doença, ela vai descobrindo novos significados para sua vida ao lado da mãe (Marieta Severo), da filha adolescente (Nathália Costa) e das amigas, uma delas também em tratamento contra o câncer.

E dirigido por Murillo Salles, Mario De Andrade, O Turista Aprendiz é um documentário, pois leva às telas os textos do escritor modernista sobre sua viagem à Amazônia em 1927, um ano antes de publicar Macunaíma. Ao mesmo tempo, é uma interpretação livre e surreal, com Mário sendo vivido pelo ator (quase um clone) Rodrigo Mercadante. Mas é justo. O escritor não mereceria ser retratado em um filme careta.

Falando em caretice, em tempos de conservadorismo de um lado e correção política do outro, temos a chance de revisitar a época em que ambos passavam longe das telas. Lançado em 1983, Onda Nova, estrelado por Carla Camuratti e Tânia Alves, ganha versão remasterizada em 4K para contar a história do Gayvotas Futebol Clube, um pioneiro time feminino. Produzido na célebre Boca do Lixo, o longa tem cenas de sexo e nudez de virtualmente todos os personagens e de convidados ilustres, como o então craque Casagrande. Caetano Veloso faz uma ponta dando um amasso no banco de trás de um táxi (palco de outras cenas), mas fica vestido. Em tempo, o trailer abaixo é muuuuito mais pudico que filme.

Com o erotismo (um tiquinho) mais sugerido que explícito, o italiano Parthenope: Os Amores De Nápoles acompanha a personagem título (Celeste Dalla Porta), uma jovem de beleza e sedução irresistíveis. Nenhum homem que cruza seu caminho, desde os amores da adolescência aos mais velhos e experientes, consegue resistir a ela, mas será que a jovem com nome de sereia é feliz?

Como alguns preferem pancadaria a gente transando, também chega às telas Resgate Implacável, com o brucutu britânico Jason Stathan. Ex-militar convertido em operário, ele tem de voltar à vida de tiro, porrada e bomba quando a filha do patrão/melhor amigo é sequestrada por uma rede de tráfico humano. Ninguém é inocente ou está livre de bordoadas.

E vale conferir a animação brasileira de ficção científica Mundo Proibido, de Alê Camargo e Camila Carrosine. Um casal de exploradores espaciais parte em busca de um mundo proibido chamado, eh, Mundo Proibido, onde, acreditam, está um tesouro. A caprichada computação gráfica permite dar vida e expressão a humanos e alienígenas, além de criar cenários que parecem saídos dos melhores videogames.

Confira a programação completa nos cinemas da sua cidade. (AdoroCinema)

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