BC divulga ata do Copom e sugere ‘parcimônia’ sobre desaceleração do PIB
O Banco Central divulgou nesta terça-feira a ata do Copom (íntegra) referente à reunião da semana passada, quando o comitê elevou a taxa Selic de 13,25% para 14,25% ao ano – o maior patamar desde outubro de 2016. O documento revela que o colegiado sinalizou um novo aumento de juros na próxima reunião, ainda que de magnitude menor que o último ajuste de 1 ponto percentual. A decisão foi motivada principalmente pela deterioração das expectativas inflacionárias, que se distanciaram da meta de 3% (fenômeno conhecido como “desancoragem”), especialmente em prazos mais longos – o Relatório Focus mostra projeção de 3,78% para 2028. O BC enfatizou que esse cenário exige “uma restrição monetária maior e por mais tempo” do que o historicamente necessário. Embora tenha reconhecido sinais de “incipiente moderação do crescimento” econômico – como o PIB do quarto trimestre (0,2%) abaixo das expectativas e a primeira queda no consumo das famílias após 13 altas consecutivas –, o Copom recomendou “parcimônia” na interpretação desses dados, citando a possibilidade de revisões estatísticas e o impacto futuro do forte crescimento agrícola previsto para o primeiro trimestre. O comitê também destacou que indicadores de percepção (como pesquisas de confiança) apontam desaceleração mais acentuada que os dados objetivos. Quanto à inflação, o BC admitiu que o IPCA (5,06% em 12 meses até fevereiro) deve continuar acima do limite da meta (4,5%) no primeiro teste do novo regime de metas contínuas, em junho. Suas projeções oficiais ainda não alcançam a meta nem no horizonte relevante (3º trimestre de 2026), mesmo considerando uma Selic estimada em 15% pelo mercado. As projeções do Focus para o IPCA caíram marginalmente: de 4,0% para 3,90% em 2026 e de 5,2% para 5,1% no final de 2025. O BC destacou três mensagens-chave em sua comunicação: o ciclo de aperto monetário não está encerrado; o próximo aumento será menor devido às “defasagens inerentes” aos efeitos da política monetária; a incerteza levou o comitê a indicar apenas a direção (alta) sem detalhar a magnitude. O colegiado mantém avaliação de que os riscos para inflação permanecem inclinados para cima, embora tenha reconhecido alguns aspectos menos negativos, como a moderação incipiente da atividade econômica. A ata reforça o compromisso do BC com a convergência da inflação à meta, ainda que isso exija manutenção de juros elevados por período prolongado. (Globo)