Os planos de Nunes
“Não tem coisa melhor do que o exercício da democracia. As pessoas têm o direito de se candidatar e de defender aquilo que acreditam.” Com essas palavras, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) comentou sobre a postura de Jair Bolsonaro (PL), que segue se posicionando como candidato à presidência nas eleições de 2026, apesar de sua inelegibilidade. Para o emedebista, embora Bolsonaro tenha seus direitos políticos cassados e enfrente a acusação de golpe de Estado — processo que começa a ser julgado nesta terça-feira, 25 —, o ex-presidente tem o direito de se manifestar. Nunes ainda questionou a legitimidade do Supremo Tribunal Federal (STF) para arbitrar o processo, argumentando que Bolsonaro não deveria ser julgado pela Corte, uma vez que “não tem foro privilegiado” por não ser mais presidente.
As declarações ocorreram nesta segunda-feira, 24, durante evento promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (LIDE) no Hotel W, em São Paulo. Questionado sobre a possibilidade de deixar a cadeira da prefeitura para disputar o governo de São Paulo no próximo pleito, caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) dispute a chefia do Executivo, Nunes sorriu e preferiu não fazer promessas. “A única coisa {que prometo} é que tomaremos atitudes que sejam boas para a cidade e para o projeto de derrotar a esquerda em todos os níveis, porque acredito que um governo liberal seja mais positivo para a sociedade”, afirmou.
Confirmando sua presença na manifestação bolsonarista marcada para o próximo dia 6 de abril, ele se colocou a favor da anistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro. “Como chefe da maior cidade da América Latina, também tenho que me posicionar sobre o que toca o meu coração”, disse, referindo-se ao caso da cabeleireira que está sendo julgada e pode ser condenada a até 14 anos de prisão por pichar com batom a frase “Perdeu, mané” na estátua da Justiça durante a turba golpista. O emedebista comparou essa punição com a de criminosos que receberam penas menores, refletindo: “não é razoável que alguém sem antecedentes e com dois filhos seja condenada a tantos anos de prisão”. Embora tenha dito que a mulher errou, destacou que a pena é desproporcional.
A segurança pública também esteve entre os principais temas de seu discurso. Nunes comemorou os resultados do programa Smart Sampa, que utiliza câmeras e inteligência artificial para monitorar a cidade, mencionando que 898 foragidos foram conduzidos “para trás das grades” devido à tecnologia. “O número pode ter aumentado enquanto eu almoçava aqui”, satirizou. Em outra ponta, expressou apoio à mudança do nome da Guarda Civil Metropolitana para Polícia Municipal, proposta que tem empunhado repetidamente em outros eventos.
Sobre o centro da cidade, o gestor municipal garantiu que ele “está bem ativo” e, com os esforços de revitalização em curso, a expectativa é atrair 200 mil novos moradores para a região. “Só precisamos divulgar um pouquinho mais porque ainda carrega aquela imagem do passado, de um centro inseguro e com pouca atividade.” As mudanças climáticas não passaram despercebidas. Segundo o prefeito, apesar das fortes chuvas, o número de alagamentos e desabamentos hoje é “muito menor” do que em anos anteriores. Comemorando diante dos empresários e no coração da Vila Olímpia, Nunes ressaltou a importância da colaboração entre o setor público e a iniciativa privada para tornar São Paulo uma cidade “com solo fértil para que as pessoas possam plantar a sementinha do empreendedorismo” e colher oportunidades.