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Conto de fadas e tretas nas telas

Rachel Zegler como Branca de Neve e seus polêmicos anões de CGI. Foto: Divulgação

Quem imaginaria que uma animação clássica, baseada em um conto de fadas mais clássico ainda, iria se tornar um dos filmes mais controversos da temporada? Estreia hoje nos cinemas Branca de Neve, live action no qual a Disney revisita seu primeiro longa, de 1937. O novo filme, agora um musical, enfrentou polêmicas desde o primeiro momento, com a escalação de Rachel Zegler, uma atriz neta de colombianos, para viver a princesa com “pele branca como a neve”. Uma “explicação” foi incluída no roteiro. Em seguida, Peter Dinklage, o Tyrion Lannister de Game of Thrones, reclamou que os “sete anões” eram uma abordagem caricata e estereotipada das pessoas com nanismo. A Disney amarelou e decidiu fazer os personagens em CGI, o que, por sua vez gerou protestos de atores anões, que perderam a chance de participar de uma grande produção. Para coroar, Zegler desancou o desenho original, defendendo sua personagem empoderada em comparação com a frágil princesa de 1937 – depois se disse mal interpretada. Como se não bastassem as polêmicas inerentes à produção, as posições políticas das protagonistas motivaram movimentos de boicote de todos os lados: Zegler é abertamente pró-Palestina, enquanto Gal “Mulher Maravilha” Gadot, que vive a rainha má, é israelense. Embora tenham apresentado juntas e sorridentes uma categoria do Oscar, a relação entre as duas é, para dizer o mínimo, fria. O resultado é que a Disney reviu para baixo a previsão de faturamento do longa e fez uma pré-estreia sem a badalação costumeira. Mas as primeiras críticas foram positivas, especialmente em relação a Zegler.

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Principal rival de Branca de Neve nas bilheterias, The Alto Knights – Máfia e Poder traz Robert de Niro no papel duplo dos rivais mafiosos Frank Costello e Vito Genovese, personagens reais que dominaram o crime organizado na Nova York dos anos 1950. Amigos de infância, eles cresceram e adotaram atitudes e estilos diferentes dentro do mesmo ramo perigoso, e seu conflito quase marcou o fim da Máfia. Em que pese a ajuda da maquiagem, de Niro brilha explorando as nuances de cada um dos protagonistas.

Estrelado por Marco Pigossi, Maré Alta, de Marco Cavalcanti, acompanha o imigrante Lourenço, que trabalha ilegalmente como faxineiro numa cidade costeira dos Estados Unidos. Enfrentando a dor do fim de um relacionamento e o medo de ser descoberto e deportado, ele encontra o amor nos braços de Maurice, um enfermeiro que pode ajudá-lo a encontrar seu lugar no mundo.

Em um tempo no qual a presunção de inocência vem perdendo espaço, o drama francês O Bom Professor chega em boa hora. Dirigido e coescrito por Teddy Lussi-Modeste, o filme conta a história do jovem Julien, um professor dedicado que é acusado – ao que tudo indica, falsamente – de assédio por uma das alunas. Além da humilhação pública, dos boatos incontroláveis e da falta de apoio entre seus pares, ele precisa enfrentar as ameaças do violento irmão mais velho da menina.

Também da França vem a comédia dramática (sim, é isso mesmo) Tempo Suspenso, de Olivier Assayas. Em meio à pandemia da covid-19, dois irmãos de personalidades muito diferentes decidem se refugiar com as esposas na casa de campo da família. A convivência em um espaço muito restrito acaba botando à prova todos os relacionamentos.

Em outubro de 1979, o ditador da Coreia do Sul, Park Chung-hee, foi assassinado pelo chefe de sua própria segurança. No vácuo de poder que se seguiu, líderes de oposição tentaram organizar uma transição para a democracia, até que, no dia 12 de dezembro, o general Chun Doo-gwang liderou um golpe de Estado. 12.12: O Dia, de Kim Sung-su, narra esse período conturbado, contrapondo o general golpista com o idealista Lee Tae-shin, comandante da defesa da capital, para quem os militares não deveriam se envolver com política. Quem conhece minimamente a história das Coreias sabe o desfecho, mas não vamos dar spoilers.

Escrito e dirigido por Bruna Schelb Correa, IMO é um exercício de surrealismo cinematográfico para contar, sem diálogos ou narração como três mulheres enfrentam o cotidiano banal mergulhando em um mar de lembranças. As situações e violências do dia a dia são processadas em imagens e olhares, deixando ao espectador a oportunidade de compreender a obra a sua maneira.

Com elenco encabeçado por Chico Díaz, Girassol Vermelho, de Eder Santos, também usa simbolismos para contar a história de Romeu, um homem em um trem em busca da própria liberdade. Na viagem, ele se depara com uma cidade onde é proibido perguntar – o exato oposto do que ele busca.

Na seara dos documentários, merece destaque Milton Bituca Nascimento, de Flávia Moraes, que usa a turnê de despedida do artista para encadear entrevistas de personalidades brasileiras e estrangeiras, de Chico Buarque a Quincy Jones, sobre a vida e a obra do cantor e compositor.

Da música para a política, Brizola – Anotações para uma História, de Sílvio Tendler, relembra a trajetória de um dos mais importantes líderes da esquerda brasileira, da infância no interior do Rio Grande do Sul ao centro da política brasileira. Deputado, governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro (duas vezes), Leonel Brizola foi polêmico e combativo até a morte, em 2004, aos 82 anos.

Oroboro, de Pablo Lobato, acompanha as experiências teatrais dos alunos de duas turmas de uma escola em Minas Gerais. Os ensaios para as adaptações de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, e A Flauta Mágica, de Mozart, representam experiência intensas para estudantes e professores.

Por fim, Sobreviventes do Pampa, de Rogério Rodrigues, retrata a devastação do principal bioma do Sul do país e o impacto desse processo no modo de vida e nas tradições da população.

Confira a programação completa nos cinemas da sua cidade. (AdoroCinema)

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