Em reunião em Riad, EUA e Rússia marcam retomada das relações bilaterais
Em um sinal de redefinição das relações bilaterais, após três anos de esforços americanos para isolar Moscou, os Estados Unidos e a Rússia concordaram em trabalhar juntos para acabar com a guerra na Ucrânia e se reaproximar econômica e politicamente. Depois de um encontro de quase quatro horas na capital saudita, o secretário americano de Estado, Marco Rubio, disse que ambos os lados concordaram em trabalhar num acordo de paz, bem como em explorar “as incríveis oportunidades que existem para fazer parceria com os russos”. “Tenho motivos para acreditar que o lado americano começou a compreender melhor as nossas posições”, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. Falando aos jornalistas após a reunião, as autoridades americanas não mencionaram a violação do direito internacional por parte da Rússia ao atacar a Ucrânia, seus crimes de guerra ou os três anos de devastação. Em vez disso, elogiaram repetidamente Donald Trump por tentar encerrar os combates conversando com a Rússia de uma forma que seu antecessor, Joe Biden, não fez. “Durante três anos ninguém mais foi capaz de reunir algo como o que vimos hoje, porque Donald Trump é o único líder no mundo que pode”, disse Rubio. A reunião ocorreu quase uma década depois de a Rússia ter interferido nas eleições de 2016 em benefício de Trump, mas com o republicano adotando poucas políticas favoráveis aos russos durante sua primeira presidência. (The New York Times)
Rússia e EUA concordaram em nomear equipes para negociar o fim da guerra na Ucrânia. No encontro, Lavrov deixou claro que seu país não aceitará forças de manutenção da paz dos países da Otan na Ucrânia. Ele reiterou a posição anterior da Rússia de que qualquer expansão da aliança militar do Ocidente – e a adesão da Ucrânia a ela – seria uma “ameaça direta” a Moscou. Rubio disse estar “convencido” de que a Rússia está “disposta a começar a se envolver em um processo sério” para encerrar o conflito. “Hoje é o primeiro passo de uma jornada longa e difícil, mas importante”, disse. (BBC)
Já a Ucrânia reagiu com tristeza e consternação ao encontro entre EUA e a Rússia na Arábia Saudita. O presidente Volodymyr Zelensky reiterou que que nunca aceitará as exigências russas. As negociações em Riad começaram poucas horas depois de a Rússia ter atacado a Ucrânia com dezenas de drones. Pelo menos duas pessoas morreram e 26 ficaram feridas em ataques em todo o país. “Parece que os EUA estão agora discutindo o ultimato que Putin estabeleceu no início da guerra”, disse Zelensky na Turquia. “Mais uma vez, as decisões sobre a Ucrânia estão sendo tomadas sem a Ucrânia.” (Guardian)
Enquanto isso, os países da União Europeia estão preparando um pacote de ajuda militar de ao menos 6 bilhões de euros para a Ucrânia, numa tentativa de reforçar a posição estratégica de Kiev no início das conversações lideradas pelos EUA com a Rússia, segundo três diplomatas da UE. Os ministros das Relações Exteriores do bloco devem examinar o pacote durante uma reunião regular em Bruxelas na próxima semana. (Politico)