Alta de alimentos perde força, mas IPCA deve continuar acima da meta em 2025
A inflação deve continuar pressionando o orçamento das famílias e a imagem do governo ao longo de 2024. A expectativa é de que o índice oficial ultrapasse o teto da meta e obrigue o Banco Central a escrever, pelo menos, duas cartas justificando o descumprimento, em junho e dezembro. Fevereiro já promete uma alta considerável, com projeção de alta de 1,37%, impulsionada pelo fim do desconto na conta de luz causado pelo bônus de Itaipu. O índice acumulado em 12 meses deve passar de 4,5% para 5,1%. Apesar do cenário desafiador, economistas identificam sinais de alívio nos preços dos alimentos. De acordo com José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, houve quedas no atacado e no varejo em produtos como óleos, leite e carne suína. O economista destaca que a boa safra de grãos barateou a ração animal, enquanto a antecipação da colheita da soja ajudou a reduzir o preço dos óleos. A queda, no entanto, não deve atingir itens sazonais, como laranja e café. Mesmo com o recuo pontual, o consenso no mercado é de que a inflação anual seguirá acima de 5%. O boletim Focus já projeta o IPCA a 5,6% ao fim do ano, após 18 semanas consecutivas de revisão para cima. Para Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, mesmo um cenário otimista de alta média de 0,25% ao mês deixaria o índice em 4,61%, ainda acima do teto da meta. No plano político, o aumento dos preços dos alimentos deve ser explorado pela oposição. No governo, a estratégia é reforçar o argumento de que a alta atual é mais moderada do que a observada entre 2020 e 2022. (Globo)