Desvio de emendas parlamentares no RS tinha ‘contrato de propina’ e taxa de 6%
A Polícia Federal deflagrou hoje uma operação sobre desvio de dinheiro público federal de emendas parlamentares. Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino. Os investigadores identificaram até um “contrato de propina” formalizando o suposto esquema de corrupção envolvendo repasses para um hospital do interior do Rio Grande do Sul. A investigação envolve emendas destinadas pelo deputado Afonso Motta (PDT-RS) ao Hospital Ana Nery, de Santa Cruz do Sul. Embora citado no inquérito, Motta não foi alvo da operação – a PF ainda investiga se ele tinha conhecimento do esquema, que exigia um percentual de 6% da verba para propina. O chefe de gabinete do deputado e outros suspeitos foram alvos de buscas. Em nota, Motta disse ter sido surpreendido pela operação e afirmou que buscaria mais informações antes de comentar o caso. A decisão assinada por Dino afirma que a representação da PF descreve o esquema criminoso “ao longo de mais de 100 páginas”, incluindo prints de conversas e um “contrato” que confirma a corrupção. “Aponta a autoridade policial a existência de uma organização criminosa que direcionava emendas parlamentares e se apropriava de parte desses recursos públicos”, diz o despacho de Dino, que enfrenta uma queda de braço com o Congresso para tentar reduzir desvios nos pagamentos. Conversas sobre propina, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), foram encontradas no celular do lobista Cliver Fiegenbaum. Sua empresa, a CAF Representação e Intermediação de Negócios, foi contratada pelo hospital Ana Nery para pleitear emendas para o hospital. Há três notas fiscais no inquérito emitidas em nome da CAF entre 2023 e 2024 – somadas, elas indicam pagamentos de R$ 509,4 mil à intermediadora. Entre os 13 endereços autorizados para buscas estão residências e escritórios, em Brasília e em Rosário do Sul (RS), de Fiegenbaum e do chefe de gabinete de Motta, Lino Furtado. (g1)