Tarifas extras da China sobre US$ 14 bi em importações dos EUA já estão em vigor
Em resposta às medidas tarifárias anunciadas por Donald Trump no último dia 1º, a China começa a aplicar nesta segunda-feira tarifas extras de 10% a 15% sobre US$ 14 bilhões em importações de energia, equipamentos agrícolas e alguns automotivos dos Estados Unidos. O objetivo de Trump é forçar Pequim a combater com mais força exportações relacionadas ao opioide fentanil para EUA e México. Inicialmente, ele disse que esperava conversar com seu colega Xi Jinping, mas após o anúncio da retaliação da China, afirmou que “não tinha pressa” e que as tarifas eram o início de medidas “muito substanciais” por vir. Especialistas em Pequim dizem que as táticas de choque de Trump, destinadas a forçar Xi a chegar a um acordo rapidamente, podem ter saído pela culatra. O republicano deu apenas dois dias à China entre o anúncio e a implementação das novas tarifas. Ao contrário de Canadá e México, a China fará um jogo mais longo. O âmbito limitado da retaliação chinesa — que incluiu investigações antitruste sobre Google e Nvidia, mas atingiu uma gama mais restrita de produtos do que as taxas americanas — indica que há espaço para negociações. Analistas acreditam que as conversas podem ter sido interrompidas porque Trump exigia também pressão chinesa sobre a Rússia em relação à Ucrânia e/ou cessão da propriedade do TikTok a um comprador americano. E acham que é difícil para Pequim chegar a um “grande acordo” num prazo curto, especialmente em assuntos espinhosos como a guerra na Ucrânia. (Financial Times)
Ankush Khardori: “O anúncio de Trump de tarifas amplas e pesadas sobre produtos de México, Canadá e China provocou um protesto previsivelmente rápido. Mas há um aspecto da mudança que não recebeu atenção suficiente. Não se trata realmente de comércio. É uma questão de poder. Trump impôs tarifas durante o seu primeiro mandato, mas desta vez é diferente. Ele invocou uma lei — a Lei dos Poderes Econômicos de Emergência Internacional — que nunca tinha sido usada para impor tarifas antes, muito menos tarifas desta amplitude e magnitude. Estudiosos do direito comercial dizem que a medida será provavelmente contestada em tribunal porque, sem dúvida, excede a autoridade presidencial estabelecida pela Constituição, embora seja muito menos certo se atual Suprema Corte decidirá contra Trump”. (Politico)