Com estratégia do mensalão, Lula viaja para recuperar popularidade
Usando a mesma estratégia aplicada durante a crise do mensalão, Lula vai intensificar as viagens pelo país com o objetivo de melhorar a imagem de seu governo. Assim como ocorreu em dezembro de 2005, pesquisa da Genial/Quaest divulgada na última mostrou pela primeira vez um índice de desaprovação (49%) maior do que o de aprovação (47%). A primeira parada foi o Rio de Janeiro, onde participou nesta quinta-feira da cerimônia de reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso. E o novo ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, vai usar dar uma nova dinâmica às viagens presidenciais, com menos tempo de palanque com autoridades e falas políticas mais enxutas. Já o contato com o povo vai ser privilegiado, sendo captado em imagens e transformado em engajamento nas redes sociais. A intenção é encurtar a distância entre a percepção da população sobre o que governo tem feito e as entregas da gestão, capitalizando isso eleitoralmente para também melhorar a relação com os partidos que integram a base aliada. Com queda de aprovação no Nordeste, Lula pediu atenção especial à região que é seu bastião eleitoral. Nesta sexta-feira, vai a Paramirim (BA) para inaugurar a primeira etapa da Adutora da Fé, sistema integrado de abastecimento de água que capta água no Rio São Francisco e leva para municípios com insuficiência hídrica. O roteiro também inclui o Amapá, estado do senador Davi Alcolumbre (União), presidente do Congresso, de quem Lula depende para aprovar projetos estratégicos para o governo. (Globo)
A estratégia de Sidônio para sair da crise também prevê a divisão de tarefas com a primeira-dama Janja, o vice Geraldo Alckmin e vários ministros. Para Lula, “2026 já começou” e, nesta segunda metade do governo, é preciso fazer a disputa “no gogó” com aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além do enfrentamento nas redes sociais. (Estadão)
Para justificar o peso da inflação no bolso da população, Lula culpou o Banco Central pela alta nos preços dos alimentos. “Nós tivemos um aumento do dólar, porque a gente teve um BC totalmente irresponsável, que deixou uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para a outra. Eu não posso fazer congelamento [de preços]. Eu não posso colocar fiscal para ir em fazenda ver se o gado está guardado ou não”, disse Lula em entrevista a rádios baianas. Ele sugeriu que a população evite comprar produtos que estejam muito caros, como forma de pressionar a redução dos preços e ajudar a controlar a inflação. “Se todo mundo tivesse a consciência e não comprar aquilo que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar.” (CNN Brasil)
Parlamentares da base aliada e da oposição reagiram à fala de Lula sobre “educar” a população em relação ao preço dos alimentos. “Se o arroz está caro, é só não comer. Se o gás está caro, é só não cozinhar. Se a gasolina está cara, é só ficar em casa. Nada de cortar gastos nos ministérios, colocar gente competente nas estatais ou gerir melhor a economia”, publicou o senador Ciro Nogueira, presidente do PP. “No governo Lula, se a comida tá cara, ‘não compra’. Se o aluguel tá caro, ‘mora na rua’. Se o remédio tá caro, ‘morre’. E assim segue o governo do cinismo, deixando o povo cada vez mais pobre enquanto sua família vive no luxo bancado pelo Brasil”, postou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Já o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), saiu em defesa de Lula: “Com diálogo e ação, a prioridade é reduzir o preço da carne e outros produtos essenciais da cesta básica. Lula reafirma: comida boa e barata na mesa de todos”. (g1)