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A destruição em larga escala provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul impôs ao estado o desafio de se reconstruir. O governo federal já reservou quase R$ 47 bilhões em despesas com obras, transferências de renda e garantias a novos empréstimos. Já o estadual injetou outros R$ 4,1 bilhões e deve direcionar mais R$ 11 bilhões. A disponibilidade imediata de recursos, porém, não é suficiente para ditar o ritmo da reconstrução. Faltam máquinas para executar as obras nas cidades atingidas; algumas licitações para construção de casas nem sequer receberam propostas; empresas demoraram a conseguir acesso às linhas de crédito. “Embora tenha um fundo para reconstruir, leva tempo. Requer juntar máquinas, pessoas, ativar o setor da construção para que ele faça de forma mais rápida essas reconstruções. Tem um gargalo”, afirma o pesquisador Martinho Lazzari, da divisão de análise econômica do Departamento de Economia e Estatística, órgão estadual. O pesquisador Fernando Fan, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, avalia que era possível ter dado uma resposta mais rápida. “Estamos atrasados”, diz. E a retomada não é homogênea. Em setembro, o comércio varejista gaúcho operava 4,9% acima do nível de abril de 2024 (antes da enchente). Enquanto isso, a indústria no estado ainda estava 0,3% abaixo do nível de abril, e os serviços, com uma perda de 9,6% na mesma comparação, segundo dados do IBGE. Economistas afirmam que a recuperação da atividade econômica, embora importante, não é suficiente para concluir que o desafio foi superado. A grande incógnita é como o PIB do estado vai se comportar quando esses estímulos acabarem. (Folha)