Estreias da semana contam com memória do Holocausto, Jazz e Olimpíadas de 1972
Memórias de judeus sobreviventes ecoando no presente. O segundo filme dirigido por Jesse Eisenberg, A Verdadeira Dor, recebeu duas indicações ao Oscar, ator coadjuvante e roteiro original. A trama acompanha dois primos — interpretados por Kieran Culkin e o próprio Eisenberg — em uma viagem de trem pela Polônia, rumo a Lublin, cidade com forte tradição judaica. A viagem, bancada pela avó dos protagonistas, que sobreviveu ao Holocausto, é uma peregrinação emocional para confrontar as feridas de uma geração marcada pela guerra e pela perda.
A história tem raízes pessoais: os avós de Eisenberg são judeus poloneses que migraram para os EUA antes da Segunda Guerra, mas parte de sua família foi morta em campos de concentração. Com pitadas de humor ácido, inspiradas no estilo de Woody Allen, o filme equilibra drama e leveza, enquanto explora a complexidade de lidar com um passado traumático.
Jazz, CIA e o assassinato do primeiro-ministro do Congo. Indicado ao Oscar de Melhor Documentário, Trilha Sonora para um Golpe de Estado reconta um dos episódios mais emblemáticos da Guerra Fria: o assassinato de Patrice Lumumba, primeiro-ministro da então recém-independente República Democrática do Congo. Com uma narrativa frenética que lembra o ritmo do jazz, o filme do diretor belga Johan Grimonprez usa performances icônicas de artistas como Abbey Lincoln e Max Roach para ilustrar a tensão e a revolta da época.
Poucos dias após a morte de Lumumba, Lincoln e Roach invadiram a sede da ONU em Nova York em um protesto audacioso, que culminou em confrontos físicos com seguranças. O documentário mostra como a independência do Congo, rico em urânio — mineral crucial para as bombas atômicas dos EUA —, foi silenciada por interesses globais. Uma mistura de história, política e música que ecoa até os dias de hoje.
Setembro 5 é um drama histórico que reconta o Massacre de Munique de 1972, um dos episódios mais chocantes das Olimpíadas, sob a perspectiva da equipe de transmissão da ABC Sports. Quando o grupo terrorista Setembro Negro sequestra e mata 11 atletas israelenses, os jornalistas esportivos se veem no centro de uma cobertura trágica, transmitida ao vivo para cerca de 900 milhões de espectadores.
Focado nos bastidores da cobertura jornalística, o filme, dirigido por Tim Fehlbaum, se concentra na equipe que precisa adaptar a cobertura esportiva para relatar uma tragédia global em tempo real.
Dirigido e roteirizado por Luciano Vidigal, Kasa Branca retrata a vida de três adolescentes negros na periferia do Rio de Janeiro. Inspirado em histórias reais, o filme acompanha Dé, Adrianim e Martins enquanto enfrentam os desafios da pobreza, do preconceito e da falta de estrutura familiar. O coração da narrativa é a relação de Dé com sua avó, Dona Almerinda, que vive com Alzheimer.
Cuidando sozinho dela e lutando para pagar remédios e aluguel, Dé descobre que a avó está em fase terminal da doença. A partir daí, ele embarca em uma jornada emocional ao lado dos amigos. Prepare lencinhos.
O documentário Alma do Deserto acompanha a jornada de Georgina Epiayu, uma mulher trans de 70 anos da etnia Wayúu, na Colômbia. Após ter sua casa incendiada por vizinhos intolerantes, Georgina perde todos os seus documentos e precisa lutar para reconstruir sua identidade e garantir seus direitos civis, incluindo o direito ao voto.
Dirigido por Mônica Taboada-Tapia, o filme é um retrato de uma mulher que enfrenta preconceito e burocracia em busca de reconhecimento. Exibido no Festival de Veneza de 2024, Alma do Deserto conquistou o prêmio Leão Queer.
Se o choro liderou as estreias da semana, que tal um espaço para um gritinho? Em O Homem do Saco, Patrick McKee (Sam Claflin) retorna à sua cidade natal com a família, apenas para descobrir que a lenda usada para assustar os pequenos pode ser real. A criatura mitológica que sequestra e devora criancinhas era apenas um conto que o pai de Patrick usava para assustá-lo e ao irmão, na infância. Porém, parece que a entidade está de volta, colocando sua família em perigo — e mirando especialmente no seu filho.
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