Itamaraty pede explicações aos EUA sobre deportação de brasileiros algemados
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que solicitará esclarecimentos ao governo dos Estados Unidos sobre o caso de brasileiros deportados em condições degradantes, com algemas nos pés e mãos, em um voo fretado pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas. Segundo o Itamaraty, o uso indiscriminado de algemas e correntes viola um acordo bilateral, que prevê o tratamento digno e humano dos repatriados. O voo com destino a Belo Horizonte fez escala em Manaus, mas foi impedido de seguir viagem pelas autoridades brasileiras devido ao fato da aeronave estar em mau estado, o sistema de ar condicionado não estar funcionando, além da revolta dos 88 brasileiros a bordo. Após pernoitar na capital amazonense, o grupo chegou a Belo Horizonte no sábado. “O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas”, afirmou o Ministério em nota. O Brasil havia concordado com a realização de voos de repatriação desde 2018 para reduzir o tempo de permanência dos cidadãos em centros de detenção norte-americanos. Em 2024, 2.557 brasileiros foram deportados, segundo a Polícia Federal. O incidente repercutiu também em outros países da América Latina. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, declarou que não aceitará mais deportados em aviões militares norte-americanos e exigiu respeito e dignidade no tratamento aos imigrantes. (Globo)
Porém, a prática não é inédita. Em 2022, já sob o governo de Joe Biden, deportados também chegaram ao Brasil algemados. O uso de algemas em voos de repatriação é uma política habitual americana, aplicada mesmo em casos de migrantes sem histórico de violência. Desde o primeiro mandato de Donald Trump, o Itamaraty tenta negociar o fim da prática, sobretudo em voos que incluem crianças. (Metrópoles)