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Em disputa com Haddad, Rui Costa sai fortalecido com chegada de Sidônio

A descida da rampa que vai do mezanino do Palácio do Planalto ao Salão Nobre não podia ter sido mais simbólica na tarde de terça-feira, quando o presidente Luiz Inácio  Lula da Silva deu posse ao seu novo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, Sidônio Palmeira. O petista e a primeira-dama Janja da Silva foram escoltados pelo cúpula política baiana, liderada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ladeavam o casal, além de Rui e Sidônio, o líder do governo no Senado e ex-governador do estado, Jaques Wagner (PT), e o atual governador Jerônimo Rodrigues (PT). Tanto Wagner, quanto Jerônimo foram convidados a se sentarem no palco, ao lado do ministro demitido Paulo Pimenta (PT-RS) e do entrante.

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Na política, os gestos contam bastante e, naquele contexto, mais ainda. Rui sempre rivalizou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), sobre questões fiscais, corte de gastos e todo arcabouço de austeridade defendido pelo chefe da equipe econômica. Naquele dia, Haddad estava em plena divergência com Rui sobre a possibilidade de revogação da portaria da Receita Federal sobre monitoramento das movimentações financeiras, incluindo o Pix e outros meios. Era uma opção diante da onda de notícias falsas sobre a possível taxação, que abalou a credibilidade do governo. O ministro da Fazenda resistiu até o último minuto mas, no dia seguinte, Lula optou por recuar, ouvindo os conselhos de Sidônio e Rui, impondo uma clara derrota ao seu ministro da Fazenda.

Haddad é criticado internamente por não dividir previamente com os ministros palacianos as propostas econômicas, antes de fechar o texto com Lula. Com isso, ministros que precisam articular aprovação com o Congresso, como Alexandre Padilha, por exemplo, ou mesmo Costa, que tem a função de liberar emendas, se sentem alijados do processo de discussão das políticas e, assim, desobrigados a apoiarem o pensamento de Haddad.

A dobradinha de Sidônio com Rui Costa já havia funcionado no final de novembro de 2024, quando Haddad fez um pronunciamento anunciando seu pacote de corte de gastos. Foi ideia dos baianos a inclusão no anúncio da isenção de imposto de renda para pessoas que recebem até R$ 5 mil. A recepção do pacote foi ruidosa para o mercado, que torceu o nariz para a medida e considerou o esforço fiscal insuficiente. E o dólar disparou.

Governo sem grife

Na avaliação de pessoas próximas de Lula, com a chegada de Sidônio, Rui ganhou mais um aliado em seus constantes embates com Haddad. Além disso, é crescente no governo e na cabeça de Lula que o governo precisa ter uma marca para entregar antes das eleições de 2026, como foi o Bolsa Família no primeiro mandato de Lula ou o Mais Médicos e o Minha Casa, Minha Vida, nos mandatos posteriores dele e de Dilma Rousseff. Hoje, o que se tem são as medidas fiscais de Haddad, que reforçam a ideia de que é um governo tributarista e que gosta de arrecadar. Não atoa o apelido de “Taxad” viralizou pelas mãos da direita, referindo-se ao chefe da economia.

Em sua primeira semana como ministro, Sidônio deu início a uma busca nos ministérios de programas que podem ser transformados em grifes do Lula 3. Na Saúde, ele pediu um levantamento do Mais Acesso a Especialistas, programa que tem como objetivo diminuir a fila do SUS para consultas. Sidônio vê potencial nessa ação.

E nessa busca por uma marca, Lula chamou uma reunião ministerial para a próxima segunda-feira. A tônica da reunião é apresentar a Sidônio as potencialidades e os pontos frágeis do ponto de vista de imagem de cada pasta. Todos os ministros estão orientados a fazerem uma apresentação sucinta, de cinco minutos. Destes, quatro minutos devem ser dedicados para a apresentação de feitos dos ministérios. O minuto final, terá que ser dedicado a pontos que não andaram ou que representam vulnerabilidades de cada órgão.

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