Copom eleva Selic a 12,25% e indica mais duas altas de 1 ponto
Em decisão unânime, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros, a Selic, em um ponto percentual, a 12,25% ao ano. E alta não vai parar por aí. No comunicado, o comitê alerta que pode fazer “ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, quando o BC já estará sob gestão de Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, que foi escolhido pelo presidente Lula para substituir Roberto Campos Neto, cujo mandato termina no próximo dia 31.
O Copom cita a conjuntura econômica nos Estados Unido e as incertezas sobre o corte nos juros americanos como principal elemento desafiador no cenário externo. Mas as preocupações mais relevantes são domésticas, num cenário de atividade econômica e mercado de trabalho dinâmicos, com destaque para o PIB do terceiro trimestre, que cresceu 0,9% frente ao trimestre anterior, que aumentou o temor de um crescimento acima do potencial da economia, e inflação acima do teto da meta de 4,5% nas divulgações mais recentes. Dessa forma, afirma o Copom, o cenário se mostra “menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior”, com mais riscos para a alta da inflação. Entre eles, o comitê cita a desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; maior resiliência na inflação de serviços e políticas econômicas externa e interna com impacto inflacionário, levando a uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.
Como no comunicado anterior, o comitê ressalta que tem acompanhado com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária e os ativos financeiros. Mas, desta vez, foi mais duro: “A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”. E finaliza afirmando que “a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.