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Eu sou o Rio

Caxtrinho (Foto: Rafael Meliga/Divulgação)

Festival mais importante de música experimental e arte sonora do Rio de Janeiro, o Novas Frequências chega à sua 14ª edição no próximo sábado (dia 7), e ocupa diversos locais da cidade até o domingo seguinte (dia 15).  Em mais um ano desafiador para a captação de recursos, o festival se volta mais uma vez majoritariamente para a produção brasileira. Depois de algumas edições temáticas, como a última que explorava o Carnaval, nesta edição o tema se desenhou nas entrelinhas a partir do montagem do line-up: Eu Sou o Rio, em homenagem ao som clássico do Black Future, de 1988.

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“Um outro fator em comum é o fato de que os artistas que têm letra falam de um Rio que não é o do cartão postal, o estereótipo, falam de um Rio à margem. Por isso essa conexão com a música do Black Future”, diz Chico Dub, criador e curador do festival.

Para Chico, a música mais experimental do Rio vive um efervescência similar a 2011, 2012, com suas bandas experimentais mais clássicas como Negro Léo, Chinese Cookie Poets, Cadu Tenório, Bemônio. “Eu estou vendo acontecer de novo agora. É uma música mais plural, mais diversa, não tão calcada nos blocos elementares da chamada música experimental, no samba, no punk, enfim, na performance, na música eletrônica de pista.

O festival vai trazer desde artistas consagrados, como Fausto Fawcett – “espécie de guru dessa turma toda”. — até gente muito jovem, como é o caso do Vera Fischer Era Clubber, que “não tem nem música no Soundcloud, no Bandcamp, no Spotify, vai indo só no boca a boca.” Dessa turma do Rio entram também as crônicas de samba tortas de Caxtrinho, o produtor e DJ Agazero, a dupla Prefeitura do Rio, Equipe 7Rio, projeto paralelo do Crizin da Z.O., com Premolar.

Correndo por fora, a carioca expatriada que transita entre as artes visuais, a performance e a música Podeserdesligado, que vai ocupar o Solar dos Abacaxis com uma performance que vai “gerar um resíduo” que fica  em cartaz até março.

Aliás, dá para dizer que um eixo da programação desse ano é de artistas brasileiros que moram fora, como os improvisadores M. Takara e Carla Boregas, a cellista Luca D’Alessandro, a produtora LYZZA e Rafaele Andrade, com seu Knurl, um instrumento de cordas criado numa impressora 3D.

O festival também traz  um pouco de São Paulo, o rap denso do Maria Esmeralda faz seu primeiro show no Rio, o Teto Preto toca pela primeira vez as músicas de seu segundo disco, Fala, lançado há poucos dias, e o Meta Golova traz seu punk eletrônico, e o techno da chilena que já é paulistana Valesuchi. Mais duas artistas latinas vêm para o festival, a argentina radicada em Berlin Lara Alarcón e a peruana Ale Hop.

Confesso a performance que mais me deixou instigado foi a do trio de improvisação formado pelo Ajít?nà Marco Scarassatti, Maya Quilolo & Ibã Huni Kuin. Como em todas as edições, o Novas Frequências é desses festivais para você se abrir para o novo. Não tem um ano que eu não descubra uma coisa nova incrível, que sempre ganha uma outra dimensão quando se assiste ao vivo.

A edição deste ano se espalha pela cidade, ocupando espaços como a Casa França-Brasil, o Solar dos Abacaxis, o Leão Etíope do Méier, a Quadra do Fala Meu Louro, a Galeria Refresco, o Galpão Ladeira das Artes, o Centro da Música Carioca Arthur da Távola e o Galpão Dama. A maioria da programação é gratuita.

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