Haddad tenta, mas não consegue postergar anúncio sobre isenção de IR
A equipe econômica perdeu a queda de braço nas discussões internas do governo sobre a mudança na isenção do Imposto de Renda, que vai subir para até R$ 5 mil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vinha tentando dissuadir o presidente Lula para que o anúncio não fosse feito neste momento, por entender que a questão merece uma discussão à parte, dentro da reforma da renda, que está em fase de elaboração. Até porque a expectativa é que a medida só seja enviada ao Congresso no ano que vem. Como o objetivo do texto é que ela seja “neutra” do ponto de vista fiscal, haverá compensações, como a tributação dos chamados super-ricos, com a criação de uma alíquota mínima sobre a soma de todas as fontes de renda. Segundo interlocutores da Fazenda, a isenção do IR até R$ 5 mil e a tributação dos ricaços estarão incluídas em um mesmo projeto de lei — uma não poderá ser aprovada sem a outra, para não ferir esse princípio da neutralidade tributária. O esforço para convencer Lula a adiar a divulgação envolveu até o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que foi ao Palácio do Planalto explicar a reação que o mercado financeiro poderia ter. E não deu outra: o dólar disparou 1,81%, fechando a R$ 5,9135, maior valor história do real. (Estadão)