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Análises: plano do golpe vestia farda dos pés à cabeça

Bruno Boghossian: “O planejamento de um golpe para manter Jair Bolsonaro no cargo foi uma operação essencialmente militar. Integrantes das Forças Armadas fizeram preparativos para anular as eleições, sequestrar autoridades e assassinar o futuro presidente. Armaram a instalação de um regime de exceção que seria controlado pelos generais que haviam patrocinado a ascensão do capitão em 2018. O plano do golpe vestia farda dos pés à cabeça. A tentativa de ruptura nunca foi apenas um sonho pessoal de Bolsonaro, seguido de forma obediente por seus aliados na caserna. Os fardados que estiveram no poder durante o mandato do ex-presidente tinham seus próprios interesses. Não é difícil imaginar quem exerceria autoridade dentro de um regime iniciado por um golpe militar”. (Folha)

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Francisco Leali: “A operação que a Polícia Federal pôs na rua, com autorização do Supremo Tribunal Federal, não parece mirar no ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas ele é, de novo, o maior afetado. Se não aparecerem indícios que estabeleçam seu envolvimento pessoal com os militares golpistas, politicamente, lá vai Bolsonaro para o canto do corner. Posto nas cordas, o ex-presidente vai ter que arrumar uma versão para explicar até onde foi sua conexão com um general da reserva – seu ex-ministro –, e oficiais militares que, segundo a PF, teriam elaborado o plano ‘punhal verde amarelo’. Se o atentado na frente do STF pelo ato tresloucado de um chaveiro catarinense já havia jogado na gaveta articulações por anistia a toda a turma golpista, agora então, da gaveta o tema deve ir para debaixo da terra. Pelo menos este ano. O plano terrorista não afeta só Bolsonaro. Também põe o próprio Exército, de novo, em situação delicada. Calar-se é falar muito nessas horas. E dar sinal trocado sobre de que lado o Exército está atualmente”. (Estadão)

Vinicius Torres Freire: “O ataque terrorista da semana passada teria ‘enterrado’ as tentativas de dar cabo do plano de anistia de Jair Bolsonaro e de quem atacou as sedes dos Poderes no 8 de Janeiro — o movimento maior mesmo é de livrar Bolsonaro, da inelegibilidade e do inquérito do golpe. Talvez não enterrasse. Sem novidades, com o passar dos meses e a depender dos acordões do Congresso, sempre se pode tentar dar um jeito. Nesta terça-feira, o acordão para livrar a cara de Bolsonaro e comparsas levou mais um tombo. Fora o caso de polícia brutal, há o caso de política. O que vão fazer os direitões e centrões que dominam o Congresso? Até agora, fora o bolsonarismo de sangue, lideranças e a maioria se fingem de mortos, mudam de assunto ou esperam para ver como é que fica. O Congresso será cúmplice do golpismo?”. (Folha)

Leonardo Sakamoto: “A pressa de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em reduzir a gravidade do plano para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes em dezembro de 2022, revelado com a operação que prendeu quatro militares e um policial federal nesta terça, é indicativo de que a família sabe que o caso coloca Jair mais próximo de uma longa temporada na Papuda. Se aqueles que fomentaram tudo isso e se beneficiariam dos desdobramentos do golpe não forem punidos, o mesmo caldo de onde saiu o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes continuará transformando pacatos chaveiros em cidades como Rio do Sul em aberrações como o homem-bomba do STF. A anistia é uma licença para explodir, envenenar e fuzilar”. (UOL)

Fabiano Lana: “Depois de tudo o que já sabemos, seja de questões ‘menores’, como falsificação de cartão de vacina, ou mesmo de grandes urdiduras como tomar o poder à força pondo fim à democracia, qual a justificativa para alguém se tornar bolsonarista ou um mero admirador de Bolsonaro até os dias de hoje? Havia sim, ao que tudo indica, aspiração e mesmo planejamento para que o Brasil se tornasse uma ditadura – nos moldes da Venezuela de Nicolás Maduro, mas, com ideologia invertida. De um lado, quem está contra Bolsonaro precisa entender que seus adversários são brasileiros como os demais e precisam se integrar à nação. Aos bolsonaristas um karma neste momento mais difícil: precisam compreender que seu líder, a quem depositaram toda a esperança, talvez mereça ficar um longo período na cadeia, assim como todos que resolveram atravessar as quatro linhas da Constituição – o que inclui os vândalos (ou, se quiserem, golpistas), do já famigerado 8/1 de 2023, além de um bando de criminosos coniventes cujos nomes foram revelados no dia de hoje”. (Estadão)

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