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Não vá ao Festival Varilux sem ver a seleção da curadora Emmanuelle Boudier

Foto: divulgação

Não é preciso parler français para curtir o maior festival de cinema francês fora da França. Eu, Yasmim, que arranho no idioma, fiquei fascinada ao assistir ao Conde de Monte Cristo  durante o Festival Varilux de Cinema Francês 2024 — e te garanto — o ritmo é tão punk que não parece que são quase 3 horas de filme. E que bom que são.

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É que além de O Conde de Monte Cristo, o Festival Varilux de Cinema Francês traz, neste ano, mais 18 filmes com uma variedade de gêneros cinematográficos, que vão desde clássicos até produções contemporâneas: comédias dramáticas, dramas, suspenses, aventuras, documentários e até uma animação chegam às telonas e vão ficar até o dia 20 de novembro em 110 cinemas brasileiros.

“É uma ocasião única de ver esses filmes na tela grande. Na hora de selecionar, mostramos os filmes para brasileiros para ver como ressoa, para trazermos o melhor da cinematografia francesa, e o que pode dialogar com temáticas que animem os telespectadores brasileiros”, explica a curadora do festival, Emmanuelle Boudier.

Nesta edição, o ícone do cinema francês e it boy das décadas de 1960 e 1970, Alain Delon, que nos deixou em agosto, será o homenageado. Como também foi na letra de A Balada do Louco, de 1972, d’Os Mutantes, que eternizaram a beleza de Delon no verso “Se eles são bonitos, sou Alain Delon”. Mas, no Varilux, é na exibição do clássico O Sol por Testemunha, longa de 1960 dirigido por René Clément — sobre um jovem que assume a identidade de um milionário —, que Delon vai abrilhantar os espectadores.

Pela primeira vez, uma história franco-brasileira aparece no festival. “O filme Madame Durocher tem atores franceses e brasileiros, e é falado metade em cada língua. Mas a linguagem cinematográfica dele é brasileira mesmo. E a Madame Durocher foi a primeira mulher a integrar a faculdade de medicina no Brasil, uma guerreira que se disfarçou de homem para seguir a sua missão de salvar vidas enquanto médica”, indica Emmanuele.

Mas o Festival Varilux nunca foi “só” sobre cinema. Nestes 15 anos, o evento faz questão de fomentar o diálogo entre artistas e espectadores e promover o acesso à cultura, além de inovar nos formatos e no uso de tecnologias de exibição. As novidades deste ano ficam por conta das sessões ao ar livre, com realidade virtual e, claro, os filmes inéditos.

Alguns dos 19 filmes fresquinhos que estão sendo exibidos aqui no Brasil — pasme — não estrearam nem mesmo na França. Entre os destaques, estão o sucesso de público O Conde de Monte Cristo, A Favorita do Rei, com Johnny Depp, e A História de Souleymane, premiado em Cannes.

E, pela segunda vez, a Mostra de Realidade Virtual traz filmes em 360º. São oito selecionados do Festival de Veneza — com cadeiras giratórias e óculos de realidade virtual — presentes em São Paulo (o Espaço de Cinema Augusta e no Centro Cultural São Paulo (CCSP) e no Rio de Janeiro (no Estação Net Rio e no Cinesystem Botafogo).

A seleção da Curadora

Como aqui no Meio a gente não pode ver uma especialista dando sopa, já fizemos a difícil pergunta de quais são os seus favoritos desta edição. Emmanuelle, com elegância, não quis escolher top 3 e saiu pela tangente — ou podemos dizer à francesa? —  e indicou seus três favoritos, mas um de cada gênero, e mais uma animação (de bônus).

A Fanfarra (En Fanfarre), de Emmanuel Courcol

“Em termos de comédia, eu gostei muito de A Fanfarra porque é um filme ao mesmo tempo super engraçado, mas com uma história absolutamente trágica. O diretor consegue fazer essa mistura de história triste e difícil com a leveza. Você chora, você ri, é incrível sei que o público brasileiro gosta desse tipo de filme. É muito bonito, um dos meus preferidos”, defende Emmanuelle.

Sinopse: Thibaut é um maestro de renome internacional que viaja pelo mundo. Ao descobrir que foi adotado, ele encontra um irmão, Jimmy, que trabalha em uma cantina escolar e toca trombone em uma fanfarra. À primeira vista, tudo os separa, exceto o amor pela música. Percebendo as capacidades musicais excepcionais de seu irmão, Thibaut decide reparar a injustiça do destino.

A História de Souleymane (L’Histoire de Souleymane), de Boris Lojkine

“Esse é um drama que trata de um assunto muito importante na França, na Europa, nos Estados Unidos, e mais agora depois dessa eleição por lá, que é a imigração. O filme é construído como um thriller porque Souleymane tem que correr atrás de tanto, e é tudo tão difícil. É um filme social muito profundo e com valor documental por ser inspirado na vida do próprio Abou Sangare, que recebeu a palma de ouro de melhor ator no Festival de Cannes. Absolutamente deslumbrante”, indica.

Sinopse: Recentemente chegado em Paris, Souleymane tenta sobreviver entregando refeições de bicicleta. Ao mesmo tempo, ele prepara uma entrevista determinante para a obtenção do asilo e de documentos para poder trabalhar. Mas ele encontra muitas pedras em seu caminho.

A Favorita do Rei (Jeanne Du Barry), de Maïwenn

“Sei que os brasileiros gostam também dos filmes de época, então temos o filme da Maïwenn com o Jhonny Depp, A Favorita do Rei. Considero atual ainda porque também diz sobre as diferenças sociais. A Jeanne é uma mulher que vem de um classe de baixa renda, e ela é propulsionada à corte do rei e tem toda uma pegada de gênero e ascensão social”, descortina Emannuelle.

Sinopse: Jeanne Vaubernier, uma jovem de origem humilde, está determinada a sair da sua condição, usando seus encantos. Seu amante, o conde Du Barry, que se beneficia muito dos relacionamentos lucrativos de Jeanne, decide apresentá-la ao Rei. Com a ajuda do influente duque de Richelieu, ele organiza o encontro. Contra todas as expectativas, Luís 15 e Jeanne se apaixonam intensamente. Com a companhia da cortesã, o rei redescobre o prazer de viver, a tal ponto que não consegue mais ficar sem ela e decide torná-la sua favorita oficial. Isso causa um escândalo, pois ninguém quer uma garota “da rua” na Corte.

Selvagens (Savages), de Claude Barras

“Pra fechar, agora, um filme de animação infantil — mas que não é somente pra crianças. Eu adorei esse filme como adulta porque tem várias leituras. O pano de fundo é o desmatamento na Ilha de Bornéu, mas as problemáticas são as mesmas daqui. É um grande filme político”, arremata a curadora, com certa dificuldade, porque ela queria indicar mais obras!

Sinopse: Em Bornéu, à beira da grande floresta tropical, Kéria acolhe um filhote de orangotango encontrado na plantação de dendê onde seu pai trabalha. Ao mesmo tempo, Selaï, seu jovem primo, se refugia na casa deles para escapar do conflito entre sua família nômade e as empresas madeireiras. Juntos, Kéria, Selaï e o macaquinho vão lutar contra a destruição da floresta ancestral, que está mais ameaçada do que nunca.

Quer ver a programação completa e os locais de exibição dos filmes? Acesse: variluxcinefrances.com/2024/

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