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Arthur Moreira Lima em dez momentos

Foto: reprodução YouTube

O pianista carioca Arthur Moreira Lima morreu aos 84 anos, na última quarta-feira (30) em Florianópolis, onde vivia desde 1993, em decorrência de um câncer de intestino. Além de sua técnica impecável, marcada pela velocidade e pela precisão, seu maior legado foi o de romper as barreiras entre os universos do erudito e do popular.

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E Arthur Moreira Lima era bom de concursos. Em 1965, conseguiu o segundo lugar no prestigioso Concurso Internacional de Piano Frédéric Chopin e, em 1970, ficou em terceiro lugar no Concurso Tchaickovsky. Ao longo da vida, tocou com grandes orquestras, como as Filarmônicas de Leningrado, Moscou e Varsóvia e as Sinfônicas de Berlim, Viena, além da Orquestra Nacional da França.

O envolvimento com as orquestras que ficavam da Cortina de Ferro pra lá se dá porque, mesmo tendo ganhado um bolsa para a a Juilliard, nos Estados Unidos, ele prefere a Rússia e vai estudar no Conservatório Tchaikovsky, em Moscou, com Rudolf Kehrer. Críticos defendem que seu estilo mais vigoroso tem mais a ver com os russos do que com as sutilezas da escola francesa. Mas a verdade é que sua carreira ganha uma nova dimensão quando ele decide derrubar os muros entre o erudito e o popular e começar a gravar choros e sambas, além de trazer uma leitura única da obra pianística de Ernesto Nazareth.

Nos últimos anos, tinha como missão levar a música para mais pessoas, e fez isso de muitas maneiras, lançando 41 CDs na revista Caras ao projeto Um Piano na Estrada, que o vez percorrer pequenas cidades Brasil adentro. Seu palco era o caminhão que carregava o piano.

Em homenagem a esse pianista genial, o Meio selecionou 10 momentos para curtir a abrangência da sua obra, que vai dos românticos aos modernistas, do choro à MPB.

As apresentações no 7º Concurso Internacional de Piano Frédéric Chopin, em 1965

Essa edição do concurso é histórica. A argentina Martha Argerich leva o primeiro lugar, batendo 76 pianistas de 30 países, mas Arthur Moreira Lima ficou em segundo lugar, recebendo uma ovação de 20 minutos.

A etapa eliminatória do 4º Concurso Tchaikovsky, em 1970

Arthur Moreira Lima chegou em terceiro lugar no concurso realizado na Grande Sala do Conservatório de Moscou, interpretando obras de Bach, Mozart, Tchaikovsky, Rachmaninoff, Chopin e Liszt.

Chopin, Arthur Moreira Lima, 1970

Esse é o primeiro álbum gravado pelo pianista, aos 29 anos. Com destaque para a versão forte da Sonata No. 2 em Si Bemol Menor, Op. 35 e de uma obra que iria tocar a vida toda, o Noturno em Ré Bemol Maior, Op. 27, Nº 2.

Concerto nº 1 de Tchaikovsky, 1971

Gravação com a Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional de Moscou sob regência de Natan Rachlin, transmitida pela Rádio de Moscou em março de 1971 e que depois integraria o LP duplo Rachmaninoff, Tchaikovsky, de 1985.

Arthur Moreira Lima Interpreta Ernesto Nazareth, 1975

Esse talvez seja o LP mais clássico, o que marca a virada do pianista para a música popular. Na época, foram lançados dois volumes, duplos, pela antológica Discos Marcus Pereira. Mas tarde, sairiam ainda mais outros dois volumes, cobrindo a obra desse compositor

Concerto nº 1 para piano e orquestra, de Heitor Villa-Lobos, 1976

O modernismo de Villa-Lobos brilha nesta outra gravação com a Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional de Moscou, desta vez sob a regência de Vladimir Fedoseyev, que saiu em LP em 1976 na União Soviética e, no Brasil, em 1984.

Concerto No.2 para piano e orquestra em Si bemol maior, Op.83, 1976

Mostrando que o período romântico é um dos que ele mais domina, Arthur Moreira Lima se apresenta com a Orquestra Sinfônica de Berlim, sob regência de Otto Meyer. A gravação saiu no CD 22, Brahms, da coleção Três séculos de música para piano, da Caras.

Chorando Baixinho – Um Encontro Histórico, 1979

Álbum sensacional, em que o pianista toca com o regional Época de Ouro, criado pelo mais modernista dos chorões, Jacob do Bandolim. A gravação traz só mestres, como Abel Ferreira, Copinha, Zé da Velha e Joel Nascimento.

Parcelada Malunga, Elomar & Arthur Moreira Lima, 1980

Esse talvez seja o disco que mais aproxime o pianista da MPB. É um duo com Elomar, que chega com voz e violão e traz o piano para uma série de canções daquele universo típico do interior da Bahia.

Com Licença, 1981

Só encontrei uma canção desse que é dos meus LPs preferidos, lançado pela Kuarup.  Despertar da Montanha  é uma linda composição de Eduardo Souto, um tango que ficou famoso na voz de Silvio Caldas, em 1946.

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