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Ponto de Partida, a série

Na próxima sexta-feira, dia 18, vai estrear no streaming do Meio o filme do Ponto de Partida. Na verdade, é um pouco mais do que isso. Não é só um filme, é o primeiro episódio de uma série. Este é mais um produto exclusivo do Meio Premium. Do nosso streaming. E, hoje, quero falar com vocês sobre esses dois assuntos. Sobre como é o PdP, a gente o chama assim por aqui, e sobre o streaming do Meio. Por que termos um streaming?

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Este primeiro episódio se chama A Sociedade que o Algoritmo Criou.

O Ponto de Partida, desde que nasceu, tem um objetivo só. Analisar a quente o que está acontecendo na política. E, para isso, além dos fatos, dos acontecimentos, tento sempre trazer para cá um pouco de ciência política, um pouco de sociologia, um pouco de tecnologia, porque tudo compõe. Tudo nos ajuda a compreender. Como toda análise, um Ponto de Partida é a construção de um argumento. Tento nunca entregar a conclusão pronta. O objetivo é mostrar como o raciocínio se constrói até chegar naquela conclusão.

Só que existem alguns temas aos quais eu retorno com frequência que sempre saem um pouco superficiais demais. Tem dois problemas. Um é o tempo. Este é um vídeo de dez, doze minutos no YouTube. Às vezes, para alguns assuntos, é preciso mais tempo para explicar direito. Mas tem outra questão que pega. Um PdP é escrito, gravado, editado e publicado no mesmo dia. É a quente, é em cima do que está acontecendo. Muitas vezes demora o dia todo para sair, mas tudo certo. É o trabalho de informar. Eu adoro. Só que isso impõe algumas limitações, né? Não tem gráficos, não tem ilustrações, não tem muito tempo para uma edição mais caprichada. Sou eu, o teleprompter e as minhas palavras.

Os filmes da série Ponto de Partida resolvem essas duas questões. Episódios mais longos, este primeiro tem meia hora, agora gravados e editados com mais recursos técnicos, efeitos especiais, capricho na trilha sonora. Tudo a serviço de deixar mais claros os conceitos. É por isso que quis começar pelo debate sobre algoritmos.

A gente fala demais sobre isso, não só aqui. Por toda parte. A questão da desinformação, por exemplo. O problema da radicalização do discurso político. Uma certa repetição de argumentos, aposto que vocês já perceberam. Aqui mesmo na caixa de comentários acontece toda hora. Sei lá. Levanta um papo aí sobre fascismo. Aposto que qualquer um de vocês que acompanha o debate nas redes já sabe quais as coisas que alguém de esquerda vai falar. Quer valer quanto que pelo menos uma pessoa dirá: “se houver dez pessoas numa mesa e uma for fascista, e nenhuma se levantar, as dez são fascistas.” Ou então puxamos um papo pela direita sobre educação, sobre ensino de história. Vale quanto, aí, que alguém falará em Escola sem Partido?

Como é que pode as falas de todos nós terem se tornado tão previsíveis? Sabe, o processo de radicalização da política ocorre justamente porque estamos ficando repetitivos. Porque falamos sobre política cada vez mais por slogans imutáveis, porque fugir ao que todo mundo fala começa a ter um custo social imenso. E, olha, esse processo não está acontecendo apenas na política. Está acontecendo na moda, na decoração de interiores. Nos tipos de lugares que nós frequentamos. Responde rápido: o que é que um influenciador realmente domina e ninguém mais domina, você sabe dizer? Não, não é o algoritmo. É outra coisa um pouco mais sutil.

Não foi a internet que nos mudou. Não foram nem as redes sociais que nos transformaram. O que nos trouxe para onde estamos, o que promoveu uma pasteurização global das ideias e dos gostos comuns foram as redes sociais no instante que começaram a ser mediadas por algoritmos de recomendação.

Explicar esse processo sem mostrar graficamente como nos organizávamos socialmente antes das mídias sociais e como passamos a nos organizar depois não é possível. Não fica claro. O objetivo deste primeiro episódio é mostrar o que aconteceu, o que mudou, por que mudou, como se deu o processo que levou à mudança. A gente não explica nem desinformação, muito menos essa polarização afetiva, com tanta carga emocional, essas brigas entre amigos, entre famílias, entre gente que sempre se gostou, a gente não explica nada disso se não entendermos como o algoritmo mudou a sociedade. Porque o algoritmo mudou o tecido de nossa sociedade de um jeito muito mais profundo do que a maioria de nós imagina.

E é essa história que o primeiro filme do Ponto de Partida conta.

Eu sou Pedro Doria, editor do Meio.

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Este aqui é o Ponto de Partida.

A gente tem uma preocupação imensa com a qualidade da informação disponível no ambiente digital. E um dos fenômenos recentes, principalmente vindo da direita, é uma produção feita com qualidade visual de peças de falsificação histórica. Vamos falar com clareza, aqui: o que está em jogo é a ideia do que é o Brasil.

Tem uma frase do historiador Daniel Patrick Moynihan que a gente repete muito, aqui na redação do Meio. “Você tem direito à sua opinião, mas não tem direito a seus próprios fatos.” O Moynihan era um sujeito muito interessante. Ele era, tecnicamente, do Partido Democrata. Mas foi assessor especial do presidente Richard Nixon, depois embaixador no governo Gerald Ford. Todos republicanos. Aí virou senador por décadas, um cara muito influente em Washington e com uma imensa capacidade de conversar com todo mundo. Seguindo este princípio. As opiniões a respeito de um conjunto de fatos podem ser muito diferentes. Mas partem dos mesmos fatos.

É isso que estamos correndo o risco de perder: o consenso a respeito de quem somos como povo. De qual foi a história que nos trouxe até aqui. É possível, sim, construir uma leitura conservadora a respeito do que o Brasil é. Uma leitura liberal. Uma leitura socialista. E, vamos lá, vamos para o debate sobre quem faz o melhor diagnóstico. Mas não dá pra fingir, por exemplo, que havia risco de uma revolução comunista no Brasil em 1964. Ou, depois, durante o governo Médici. Nunca houve esse risco. Simplesmente não tinha gente o bastante, não dinheiro o bastante. O golpe de 64 aconteceu por truculência, não para defender democracia. O que caiu foi a democracia. O que veio foi a ditadura.

Isto é a verdade, é a história como a história é, se você for conservador, se você for liberal, se você for socialista. A gente pode ter uma conversa sobre se o regime militar foi bom. Podemos ter opiniões sobre se aqueles vinte anos de ditadura melhoraram o Brasil. O que não dá é para chamar democracia de ditadura ou ditadura de democracia.

O streaming do Meio existe porque esta linguagem, a linguagem do vídeo digital longo, com qualidade, via streaming, é uma das linguagens importantes pelas quais informação trafega na sociedade. E não existe um veículo preocupado em falar do Brasil, se baseando no trabalho dos muitos excelentes acadêmicos brasileiros, nesta linguagem. Então a gente decidiu partir para isso.

Porque, se ninguém fizer, o que vai sobrar é o olavismo. O streaming do Meio terá documentários, terá programas de entrevista, terá séries. Tudo o que está no nosso YouTube estará lá, mas também esse material mais bem cuidado, mais bem acabado. Nós também estamos licenciando material de qualidade vindo de fora do país. Vamos ter um grande anúncio agora para o início de novembro. Toda semana tem alguma estreia nova.

E, agora, uma conversa nossa. Eu e vocês. O que está em jogo é a ideia do que é o Brasil. Existe uma imensa máquina de propaganda tentando vender um Brasil falso, uma história baseada em distorções imensas. Um Brasil que ignora o que os maiores historiadores brasileiros estudaram. Existe outra máquina tentando vender um Brasil dividido em tribos que rivalizam umas com as outras, um Brasil rachado no qual a conquista de um só pode ocorrer partindo da derrota do outro.

Nós acreditamos que este é um país com profundas desigualdades, com imensas injustiças, mas formado por um só povo. Todos temos a ganhar se o país for melhor para todos. Se conseguirmos gerar igualdade de oportunidades. E este país começa com conhecimento. Com compreensão. A gente acredita que informação faz toda a diferença.

Esta é uma guerra. A guerra de informação é a guerra que decide os rumos políticos do Brasil. Nós precisamos das suas assinaturas. Assine o Meio. Os outros caras têm assinantes, mobilizam assinantes. Se não houver uma reação democrática, uma reação da pluralidade dos democratas, no fim a gente perde essa briga.

Assine o Meio. E assista, a partir da meia-noite de sexta-feira, ao primeiro episódio do Ponto de Partida. A série.

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