S&P acha difícil melhorar rating do Brasil
Apesar de a Moody’s ter elevado nesta semana a nota de crédito soberano do Brasil, a S&P Global Ratings considera que, por ora, não há uma sinalização de melhora na avaliação do país. A agência classifica o país com “BB” e perspectiva estável. Para o diretor e analista líder para Brasil da S&P, Manuel Orozco, a economia mais aquecida deveria sinalizar uma maior capacidade do país de estabilizar a dívida pública, o que não está acontecendo. “Portanto, parece difícil a possibilidade de começar a sinalizar a melhora do rating com uma perspectiva positiva para a nota do país. Não estamos vendo isso agora”, disse Orozco em entrevista ao Valor. Ele reconheceu que a atividade econômica brasileira tem surpreendido, mas destacou que, em grande medida, essa recuperação tem sido impulsionada por uma política fiscal expansionista. A dúvida é se há espaço para sustentar uma política de gastos que cresce ao longo do tempo. A S&P trabalha com uma desaceleração do crescimento econômico do país para a faixa dos 2% para o período entre 2025 e 2027 e vê necessidade de aprimoramento nas regras fiscais vigentes. (Valor)
Alvaro Gribel: “A possibilidade de o país recuperar o grau de investimento pela Moody’s é um trunfo que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, usará para tentar convencer o presidente Lula a apoiar medidas de ajuste fiscal pelo lado da despesa. A interlocutores, Haddad tem demonstrado otimismo com essa possibilidade, que teria forte impacto político, já que a condução da economia pelo PT foi um dos principais lemas de campanha de Jair Bolsonaro. Por isso, caberá a Haddad sentar com Lula, expor os ganhos ao governo de seguir com uma agenda de cortes que atinjam despesas obrigatórias. Lula poderá empurrar o problema com a barriga e conseguir se reeleger. Mas o risco de uma crise similar à vivida por Dilma em 2015 não é descartável. O futuro da economia depende de Haddad convencer Lula de que esse caminho não vale a pena”. (Estadão)