Biden se opõe a um ataque às instalações nucleares do Irã
Frente ao temor de uma guerra total no Oriente Médio, o presidente americano, Joe Biden, afirmou que não apoia ataques às instalações nucleares do Irã como resposta de Israel ao lançamento de quase 200 mísseis iranianos na terça-feira. Biden disse que vai “discutir com os israelenses o que vão fazer”, acrescentando que todos os aliados do G7 concordam que qualquer resposta deve ser proporcional. E deixou claro que mais sanções serão impostas ao Irã. Já o presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, disse que seu país “não procura a guerra”, mas que Israel está forçando-o a reagir. Ele reiterou que o Irã “dará uma resposta mais forte”, se Israel retaliar. No Conselho de Segurança da ONU, que realizou uma reunião de emergência sobre a situação no Oriente Médio, o secretário-geral António Guterres, considerado persona non grata por Israel, afirmou que, desde a semana passada, as coisas “passaram de ruins para muito, muito piores”. Ele acrescentou que é “absolutamente essencial evitar uma guerra total no Líbano”, pois isso teria “consequências profundas e devastadoras”. A embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que o ataque iraniano marca uma “escalada significativa” das tensões e que o conselho deveria tomar medidas “imediatas”. Já o embaixador iraniano Amir Saeed Iravani disse que os ataques a Israel foram uma resposta direta a “repetidos atos de agressão contra o Irã”, classificando-os como “legítima defesa”. O representante israelense Gilad Erdan chamou a ação iraniana de um “ataque à nossa própria existência”. (BBC)
Oito soldados israelenses morreram nesta quarta-feira durante operações terrestres no território libanês. Além disso, um oficial e quatro soldados ficaram “gravemente feridos”, de acordo com o Exército de Israel. Apesar de os militares israelenses terem afirmado que as baixas ocorreram em combate, o Exército do Líbano disse que as tropas do Estado hebreu romperam a fronteira à força nesta quarta-feira, avançando cerca de 400 metros, mas se retiraram. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enviou condolências às famílias e destacou que o país continua preso “no meio de uma dura guerra contra o eixo do mal do Irã”, que busca “destruir Israel”. No Sul de Beirute, o porta-voz do Hezbollah, Mohammad Afif, fez suas primeiras observações públicas sobre os acontecimentos recentes, em meio aos escombros de um edifício derrubado por um ataque aéreo israelense nos últimos dias. “Entramos em confrontos em Adayseh pela manhã e em Maroun al-Ras poucos minutos antes”, disse, referindo-se a aldeias fronteiriças libanesas onde Israel teria conduzido uma incursão. (CNN)
James Shotter: “Uma alternativa, que diplomatas dizem que as capitais ocidentais têm tentado persuadir Israel a escolher, seria atingir os lançadores de mísseis iranianos envolvidos no ataque de terça-feira. Argumentam que isso seria visto como uma resposta simétrica e menos provável de desencadear um novo ciclo de retaliação. Israel também poderia visar figuras importantes do Irã em vez de infraestruturas. Mas a linha-dura quer que Israel vá mais longe e aproveite a oportunidade criada pela fraqueza do Hezbollah para atacar o programa nuclear da república islâmica, que Israel vê como a sua mais grave ameaça estratégica”. (Financial Times)
David E. Sanger: “A tão temida guerra mais ampla no Oriente Médio está aqui. As principais questões agora são até que ponto o conflito poderá se intensificar e se as próprias forças dos Estados Unidos se envolverão mais diretamente. Os últimos dias podem ter sido um ponto de virada. Desde que Israel matou o líder do Hezbollah Hassan Nasrallah na sexta-feira, o governo Biden mudou, deixando de alertar sobre uma guerra mais ampla para tentar administrá-la. As autoridades defendem o direito de Israel de contra-atacar o Irã, mas desaconselham ataques diretos a suas instalações nucleares para não deixar o conflito fora de controle”. (New York Times)