Jimmy Carter, ex-presidente e referência ética nos EUA, faz 100 anos
Em meio a uma eleição presidencial acirrada e duas guerras nas quais atua indiretamente, os Estados Unidos param nesta terça-feira para uma celebração inédita: o centésimo aniversário de um ex-presidente. Jimmy Carter, democrata que governou o país entre 1977 e 1981, é um fenômeno não apenas pela longevidade. Foi o primeiro (e único) presidente a superpotência a se colocar contra as ditaduras latino-americanas durante a Guerra Fria. Adotou política de proteção ambiental muito antes de ser um tema popular. Mediou o acordo de Camp David, selando pela primeira vez a paz entre Israel e um país árabe, o Egito, o que lhe valeu um Nobel da Paz. Entretanto, teve a presidência manchada pela crise econômica e pelas humilhações internacionais com a vitória da guerrilha comunista na Nicarágua e a Revolução Islâmica no Irã, onde a embaixada americana foi invadida e seus funcionários feitos reféns. Acabou fragorosamente derrotado pelo republicano Ronald Reagan nas eleições de 1980.
Mas foram as ações após sair da Casa Branca que fizeram desse filho de fazendeiros da Geórgia o que Joe Biden classificou como “uma força moral” dos EUA e do mundo. Comandou missões de paz a Cuba e ao Oriente Médio, adotou com ainda mais vigor a defesa dos direitos humanos e criou o Centro Carter, que, entre outras atividades, fiscaliza a lisura de eleições e diversos países. Ao mesmo tempo em que escreveu livros e participu de mutirões para construir moradias para famílias carentes. Aos cem anos, ainda vive em sua cidade natal, Plains, e leciona na escola dominical (equivalente ao catecismo católico) da igreja batista que frequenta. (CNN)