Marcos Lisboa alerta que criatividade na contabilidade pública está voltando com força
O economista Marcos Lisboa reconhece que o momento da economia é bom. Apesar disso, segue pessimista sobre o rumo das contas públicas. “É um momento bom, mas estamos agravando os problemas fiscais para frente”, diz. Em entrevista ao Estadão, o sócio-diretor da Gibraltar Consulting diz que os alertas sobre as inconsistências do arcabouço fiscal estão se provando verdadeiros. Entre eles estão os chamados “truques fiscais”. “São diversos truques. Uma coisa não entra na despesa, outra sai da despesa primária. Se é isso, vamos esquecer o superávit primário, que está se tornando um guia pouco relevante para a preocupação principal, que é o aumento da dívida pública”, afirma. O economista destaca que as metas fiscais do arcabouço estão se mostrando pouco eficazes para controlar a dívida pública, pois excluem da conta vários tipos de despesas. O governo, defende Lisboa, precisa encarar a revisão de gastos e isso deveria ser feito por uma agência independente, com mandatos fixos de seus diretores. Além disso, a indexação de gastos não resulta em aumento de qualidade da política pública, especialmente nas áreas de saúde e educação. “Em última instância, é o impacto na dívida que realmente importa. Cumprir a meta dessa forma não diz muita coisa.” (Estadão)