Pugilista argelina reacende polêmica sobre testes genéticos no esporte

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Para ler com calma. A luta em si durou apenas 46 segundos, mas a vitória da pugilista argelina Imane Khelif sobre a italiana Angela Carini está rendendo a mais longa polêmica até o momento nos Jogos de Paris e trazendo de volta aos holofotes os testes genéticos de elegibilidade de gênero, já descartados pelo Comitê Olímpico Internacional.

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Em 2023, Khelif, de 25 anos, foi desclassificada por conta dos resultados desses testes. Segundo a Associação Internacional de Boxe (IBA, na sigla em inglês), responsável pela competição, um exame de DNA mostrou que ela tinha os cromossomos XY, característicos do gênero masculino. Umar Kremlev, presidente da entidade, chegou a dizer que ela tentou “enganar seus colegas fingindo ser mulher”.

Desde os anos 2000, porém, o COI descartou esse tipo de teste e passou a considerar o gênero registrado no passaporte. Condições como a Síndrome de Morris e ser intersexo fazer com que mulheres produzam testosterona acima dos níveis médios de outras mulheres. “A medicina usa um critério aleatório. Quem define que com 4 nanomol de testosterona eu sou mulher e com 5 eu sou homem?”, indaga Kátia Rubio, professora da Faculdade de Educação da USP.

A irlandesa Amy Broadhurst, que enfrentou e venceu Khelif no Mundial de 2022, saiu em defesa da argelina. “Pessoalmente, não acho que ela tenha feito nada para ‘trapacear’. Acho que é a forma como ela nasceu e isso está fora do controle dela. O fato de que ela já foi derrotada por nove mulheres antes diz tudo”, afirmou.

Algumas federações exigem que mulheres com essas condições façam tratamentos para suprimir essa produção adicional de testosterona, mas, como elas não são transgênero, essa redução pode resultar em malefícios à saúde. (Folha)

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