Banco Central mantém Selic em 10,50%, em decisão unânime
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano (íntegra do comunicado). A decisão foi unânime entre os membros do comitê, e já era esperada por agentes de mercado. No comunicado, foi destacada a necessidade de cautela devido ao cenário global incerto e à resiliência da atividade econômica brasileira.
No aspecto externo, o comitê citou as dúvidas sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos, que também manteve juros inalterados na reunião desta quarta, mas deixou sinalizado a possibilidade de cortes na próxima reunião, em setembro.
Quanto ao cenário doméstico, o BC pontua que o mercado de trabalho mostrou “dinamismo maior que o esperado” – inclusive com Caged e Pnad demonstrando queda na desocupação e alta no contingente de pessoas empregadas. Porém, “a desinflação medida pelo IPCA cheio tem arrefecido, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, desafiando a meta de inflação de 3%. Inflação subjacente também é conhecida como núcleo da inflação, quando se excluem itens voláteis, como alimentos e energia, do índice cheio. A ata do Copom, com mais detalhes, será divulgada na terça-feira às 8h.
Para Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, a preocupação fiscal foi um dos destaques do comunicado, e isso vem sendo um impeditivo para manter as expectativas de inflação ancoradas. Segundo ela, o BC sinaliza que, caso não haja nenhuma mudança relevante no cenário, a Selic deve ser mantida no atual patamar pelo menos até o final do ano – quando inclusive, termina o mandato de Roberto Campos Neto na presidência da autarquia – mesmo se o afrouxamento monetário nos Estados Unidos se confirmar em setembro. (Meio)