Meio

A prefeita Anne Hidalgo mergulhou em suas águas e celebrou um novo Sena a poucos dias dos Jogos Olímpicos. Mas pessoas da equipe de sustentabilidade do Comitê Organizador Local estão decepcionadas com o nível de poluição. Em um grupo de WhatsApp, ao qual o Meio teve acesso, profissionais que dedicaram seus últimos anos ao projeto olímpico confessam: “Eu nem tenho coragem para nadar. Deus me livre!”, diz um deles. Outro responde: “E adivinhe quem tem que lidar com isso. A qualidade da água é pior que a do Rio”, afirma, com muitos emojis de preocupação. Nesta sexta-feira, as delegações irão desfilar de barco no rio, em uma cerimônia de abertura diferente de todas. Nas mensagens em inglês, a equipe de estrangeiros desabafa porque havia muita expectativa pela limpeza. Prometendo a Olimpíada mais sustentável da história, a organização de Paris 2024 tinha na despoluição do Sena a coroa de um projeto ambicioso, que inclui camas e mesas de papelão, poucas instalações novas e a pegada de carbono mais baixa da história dos Jogos – metade do que foi em Londres, em 2012, e também no Rio. Mas este era também o maior desafio, reconhecido desde o início no Plano de Legado e Sustentabilidade.

O investimento de US$ 1,5 bilhão tinha como objetivo devolver um novo Sena aos parisienses, que há mais de um século não podem nadar nele. Por isso, esperava-se que ele estivesse limpo de verdade, não apenas para as braçadas da prefeita e do presidente do comitê organizador, Tony Estanguet. Além de dois eventos olímpicos — triatlo e maratona aquática, e também o paratriatlo nos Jogos Paralímpicos —, programados para o local nos dias 30 de julho e 9 de agosto, respectivamente, existe a promessa de entrega à população de três áreas de natação acessíveis pelo cais. “O que acontecerá com as competições? Triatlo vai virar duatlo [sem a prova de natação] e a maratona aquática pode ir para outro local”, prevê a última mensagem, com emoji de tristeza, caso não haja condições mínimas na véspera dos eventos. (Meio)