#MesaDoMeio: Demora na renúncia de Biden expôs fratura no partido Democrata

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Ao participar do #MesaDoMeio, nesta terça, o cientista político e mestre em Relações Internacionais Guilherme Casarões ponderou que a demora do presidente norte-americano, Joe Biden, em desistir da disputa expôs fraturas no partido Democrata e que, agora, é necessário que a legenda procure sanar suas divergências internamente e não de forma explícita, como ocorreu durante toda fase de ataque de Donald Trump a Biden. Essa postura, na opinião de Casarões, precisa ser adotada com o objetivo de proteger a candidatura da vice-presidente Kamala Harris.

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“O que me incomoda é sobretudo tendo em vista que a gente tem do outro lado Donald Trump, com um grande poder de mobilização. Ele está na sua terceira eleição, tem uma capacidade de comunicação que é realmente impressionante e acabou de sobreviver um atentado contra vida. Acho que os democratas poderiam ter um pouco mais de serenidade e trazer os seus problemas para dentro do quarto e não deixar esses problemas e que essas informações divulgadas atrapalhem a candidatura e a campanha democrática”, destacou.

Aposta

O cientista político Christian Lynch, colunista do Meio, disse que tivesse que fazer uma aposta hoje, ele colocaria suas fichas na candidata do partido Democrata, Kamala Harris, e não em uma vitória do republicano Donald Trump. Para Lynch, Kamala supera passivos de imagens do atual presidente dos Estados Unidos, que deixou a disputa.

“Se eu tivesse que apostar hoje, seria na Kamala. Hoje em dia eu não diria que a vitória de Trump é a mais provável”, destacou. “Biden transmita um sensação de cansaço. Não estou falando que ele é, mas uma sensação de senilidade, de derrora e Trump estava faturando um dia atrás do outro. Ele estava dando um nocaute a cada três dias no Biden.

Entre os pontos que atrapalhavam a imagem do atual presidente, Lynch apontou o fato dele não encampar pautas mais à esquerda do partido ou pautas identitárias. Além disso, Biden tinha sobre sua imagem a “cruz de Gaza”, por ter apoiado Israel na guerra.

“Ele estava caindo em um desgaste muito grande. De repente, com a saída do Biden, parece que zerou o jogo. A Kamala Harris recolhe como herança, por ter sido vice-presidente, o que Biden tem de bom, não herda o que ele tem de mau, porque ela pode driblar Gaza, driblar obviamente o argumento etário. E ela dribla bem porque ela é carismática. Ela é mulher e tem a ascendência multicultiral dela e ela é rizonha. Isso trouxe uma dose de otimismo e entusiasmo que era o que estava faltando”, considerou Lynch.

“Elegância”

Flávia Tavares, editora-chefe do Meio, ponderou que, após o desgaste que foi para Biden o debate com Trump, há cerca de um mês, esse foi o melhor momento para a renúncia, apesar dos nove meses que antecederam esse debate e que eleitores chegaram a apontar outros nome para encampar a candidatura democrata.

“O melhor momento para ele desistir foi agora”, disse Flávia, considerando o efeito de que a notícia teve de anular os efeitos do atentado sofrido por Trump na semana passada. “O contraste com a sobriedade que o Biden se retira de cena, que para alguns pode ser encarado como fraqueza, mas é, no mínimo, constrastante com aquela gritaria do Trump. Deu um ar de elegância”, observou Flávia Tavares.

“Zerou no bingo conservador”

A jornalista e colunista do Meio Mariliz Pereira Jorge lembrou características advindas do gênero que podem ajudar Kamala Harris na disputa. A direita dos Estados Unidos começou fazer muitos ataques, inclusive usando o fato de que ela não tem filhos e que ela não deveria ser uma presidente porque, afinal de contas, ela não entende todos os aspectos do que que é gerir uma família americana”, lembrou.

“Ela zerou no no bingo conservador. Porque ela é uma mulher que se casou com 49 anos. Ela está casada há dez anos com esse advogado. Ela não tem filhos. O marido, inclusive, se afastou da carreira por conta de conflitos de interesses. Ou seja, virou meio que um ‘dono de casa’. Então, é tudo ao contrário daquela família do sonho americano, da família conservadora americana”, observou.

Casarões, por sua vez, avaliou que o sucesso da canditura de Kamala vai depender da sua capacidade de mobilização de uma camada da sociedade norte-americana que não não está tradicionalmente comparecendo para votar. Tudo, no fim das contas, vai depender da capacidade de mobilização da Kamala. E essa capacidade de mobilização ela tem que aprender um pouco com aquilo que foi a campanha do Barack Obama de 2008. Obama conseguiu, pela primeira vez, tirar muitos jovens de casa ou do seu trabalho e levá-los para votar no dia da eleição, nos dias que antecediam a eleição”, observou.

 

 

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