Em vez de cessar-fogo, Netanyahu escolhe bombardear ‘zonas humanitárias’

Campo de deslocados em Al-Mawasi destruído por Israel no sábado: 90 mortos e mais de 300 feridos no bombardeio
Campo de deslocados em Al-Mawasi destruído por Israel no sábado: 90 mortos e mais de 300 feridos no bombardeio
Campo de deslocados em Al-Mawasi destruído por Israel no sábado: 90 mortos e mais de 300 feridos no bombardeio

Receba notícias todo dia no seu e-mail.

Assine agora. É grátis.

O mundo deseja o fim da guerra em Gaza, mas o que se viu nos últimos dias foi uma ofensiva sangrenta de Israel sobre zonas declaradas como “humanitárias” pelo próprio governo de Benjamin Netanyahu. Com as negociações em andamento para um acordo de cessar-fogo, pressão popular em protestos diuturnos nas cidades israelenses e até generais leais ao primeiro-ministro pedindo ao menos uma trégua nos bombardeios sobre terras palestinas, esperava-se uma saída pacífica após nove meses de conflito e estimados 40 mil mortos, 95% deles palestinos. Apostando no lema “guerra é paz” do clássico de George Orwell 1984, Netanyahu acredita que eliminar o Hamas é a única solução possível para o conflito histórico. Embora já tenha matado metade da cúpula da organização, a paz nunca pareceu tão distante da região. (Meio)

PUBLICIDADE

A notícia do atentado na Pensilvânia contra o ex-presidente Donald Trump ofuscou um dos episódios mais dantescos da guerra em Gaza, quando Israel bombardeou uma “zona segura” e, planejando matar o comandante militar do Hamas, Muhammad Deif, número 2 da organização, assassinou 90 flagelados palestinos que já haviam perdido tudo e por isso estavam no campo de deslocados de Al-Mawasi, ao sul de Gaza. Além das vítimas fatais, uma legião de amputados entre os mais de 300 feridos. Na mesma semana, Israel atacou quatro campos de deslocados instalados perto de escolas – em um dos bombardeios, no dia 8 de julho, em Abasan al-Kabira, foram 29 civis mortos. Aos ataques do último sábado somam-se os de domingo (22 mortos), de segunda-feira (17 mortos) e desta terça-feira, com mais 90 vítimas. O bombardeio mais mortal do dia, que repete o modus operandi de apontar a artilharia para zonas consideradas humanitárias, atingiu outro campo de deslocados, desta vez perto de um posto de combustível em Muwasi, região costeira onde o exército israelense recomendou aos palestinos que se refugiassem. (Guardian)

Procurado desde 1995, Muhammad Deif é considerado por Israel um dos principais arquitetos do massacre de 7 de outubro no sul do país, quando milhares de terroristas romperam a fronteira, mataram cerca de 1.200 israelenses e fizeram 251 reféns. Ele teria envolvimento com atentados a bomba desde os anos 1990. As Forças de Defesa de Israel (IDF) acreditam que ele tenha deixado os túneis subterrâneos do Hamas para se esconder em um prédio que foi completamente destruído no campo de Al-Mawasi. Mas até esta terça-feira não há confirmação oficial de seu assassinato. Deif já sobreviveu a vários atentados desde 2001, todos planejados por Israel. Esta foi a oitava vez que a IDF tentou matá-lo apenas nos últimos nove meses. (Times of Israel)

Enquanto isso, o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas divulgou nesta terça-feira fotos de cinco mulheres israelenses, que atuavam como observadoras da IDF e foram feitas reféns pelo Hamas em 7 de outubro, encontradas por militares em um apartamento em Gaza durante uma operação. As fotos mostram Agam Berger, Daniella Gilboa, Liri Albag, Naama Levy e Karina Ariev machucadas nos primeiros dias de cativeiro. Em um comunicado, o fórum pressionou o governo de seu país a negociar a libertação dos reféns, o que o Hamas só aceita fazer em caso de cessar-fogo: “A corajosa decisão dos pais de revelar essas fotos tenta aproximá-los de abraçar suas filhas. Esta reunião está a apenas um acordo de distância, um acordo que traria todos os 120 reféns para casa – os vivos para reabilitação e os mortos para um enterro digno.” Os pais exigem que “o governo israelense, sobretudo seu líder, olhe essas meninas nos olhos, tente imaginar o que elas e todos os reféns suportaram por 284 dias e faça o que for preciso para trazê-las de volta”. (Haaretz)

 

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.