Meio

Precisamos de mais Chic Shows. Em uma época de festivais gigantescos com ingressos custando mais que um salário mínimo, a festa de 50 anos do lendário baile da comunidade negra paulistana mostra um caminho que faz muito mais sentido. Dez horas de shows com um line up sólido unindo nomes nacionais e gringos (Sandra Sá, Rael, Criolo, Jimmy “Bo” Horne, Mano Brown, Lauryn Hill e YG Marley) lotando pista e arquibancadas do Allianz Park, com ingressos a partir de R$ 150 (em promoção com o Metrô).

Foi a festa da diversidade. Todo mundo se divertiu, de corintianos a palmeirenses, de adolescentes a tiozinhos de cabelos brancos, da monarquista Sandra Sá à esquerda radical-chic-show de Mano Brown. Foi a festa da família, com direito a Criolo levando os pais ao palco e Lauryn Hill mostrando vídeos do filho quando bebê, no melhor estilo salão de festa de condomínio. A pista ferveu o dia inteiro, mas os velhinhos (boa parte do público) não foram esquecidos e tiveram acesso livre à arquibancada onde podiam continuar dançando sentados.

O show de Lauryn foi o ponto alto do evento. A mulher simplesmente não queria sair do palco, alternando músicas com o filho YG e o parceiro de Fugees, Wiclef Jean. Foram mais de duas horas onde ela passeou com sua indumentária meio toureiro/meio bailarina, indo do pop ao rap, ao R&B e ao jazz, tudo junto, misturado e sem playback. Teve até versão pisadinha de Killing Me Softly.

Mano Brown representou com seu Boogie Naipe, elegantérrimo, de terno de três peças e gravata, arriscando uns passinhos e botando dançarinos de samba rock para evoluir no palco. Apesar dos gritos da plateia, não rolou Vida Loka, mas teve reunião dos Racionais no final do show para o delírio da mesma. O bailinho da terceira idade ficou a cargo de Jimmy “Bo”Horne que emendou clássicos da discoteca um atrás do outro, com uma banda de primeira.

Festa boa, bonita e barata. Como era o Chic Show. Como sempre será. Precisamos de mais.