Haddad: ‘Maior caixa preta do Brasil é o orçamento federal. É isso que estamos abrindo’
Ao expor sua já conhecida posição contrária à política de desonerações para setores da economia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que a maior “caixa preta” do país é o orçamento federal e que o fato de o governo expor os impactos das medidas que beneficiam empresários e as contas dos estados está desagradando muita gente. “O pessoal falava muito de caixa preta no Brasil. A maior caixa preta é o orçamento federal, e é isso que estamos abrindo. É por isso que está todo mundo chateado com a gente”, disse Haddad. “À luz do dia, a transparência machuca os privilegiados. Essa é a grande verdade. E nós vamos escancarar as contas públicas porque do contrário não se põe ordem, não se arruma”, destacou o ministro, que também culpou a oposição por espalhar dados falsos da economia nas redes sociais, criando a sensação de que a situação no Brasil tem piorado.
“Nós temos um desafio comunicacional. Nós temos uma oposição que atua para minar a credibilidade das instituições, dos dados oficiais, do Estado brasileiro, e eles atuam diuturnamente nas redes sociais”, disse o ministro. “As últimas investigações dão conta da quadrilha que estava no poder”, enfatizou, referindo-se aos inquéritos em andamento da Polícia Federal que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele defendeu que a política de desoneração já comprovou que não resolve os problemas do país. “É uma política que durou mais de dez anos e não funcionou. Foram mais de R$ 150 bilhões de reais de desoneração”, observou o ministro.
Haddad disse ainda que sua intenção, como de todos os ministros que passaram pela pasta, era “dar um basta” nessas concessões, mas esbarrou na resistência dos setores e nos lobbys políticos. “Não queremos, o setor já combinou que seria gradual”, exemplificou o ministro, sugerindo a reação do mercado à sua proposta de acabar com as desonerações. Para Haddad, as ameaças de demissões em massa por parte de empresários que querem a continuidade das desonerações não passam de mentiras. “Você já viu empresário falar alguma coisa diferente? Tenho que me basear em estudo acadêmico, gente que não tem interesse pessoal”, afirmou o ministro, acrescentando que espera ajustes na proposta apresentada pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de repactuação das dívidas dos estados. (Meio)