Bolsonaro e seus auxiliares desviaram R$ 6,8 milhões em joias e presentes, diz PF

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O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes levantou o sigilo do inquérito que levou ao indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) e outras 11 pessoas envolvendo presentes dados por governos estrangeiros durante seu mandato. No relatório, a Polícia Federal afirma que o ex-presidente teria formado uma associação criminosa para desviar R$ 6,8 milhões (US$ 1.227.725,12) em itens recebidos em visitas a oficiais a outros países. Inicialmente, no entanto, a conclusão do documento falava em R$ 25 milhões (US$ 4.550.015,06). A PF disse que houve um erro material na conclusão e que o valor estava correto em outros trechos do documento. Segundo a investigação, auxiliares de Bolsonaro venderam presentes oficiais e entregaram o dinheiro em espécie ao ex-presidente, ingressando “no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”. O relatório não informa, no entanto, quanto desse valor teria sido destinado em ex-mandatário. O documento de 476 páginas, assinado pelo delegado responsável pelo caso, Fabio Shor, foi protocolado na sexta-feira no Supremo Tribunal Federal e encaminhado nesta segunda-feira por Moraes à Procuradoria-Geral da República, que tem 15 dias para se manifestar. (UOL e Folha)

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Um dos trechos do documento cita que o general da reserva Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente, “recebeu, em nome e em benefício de Jair Messias Bolsonaro, pelo menos US$ 25 mil, que teriam sido repassados em espécie para o ex-presidente” para, “de forma deliberada, não passar pelos mecanismos de controle e pelo sistema financeiro formal”. Ainda segundo a PF, algumas mensagens trocadas entre o ajudante de ordens e Bolsonaro evidenciam o aval do ex-presidente à comercialização ilegal das joias em um leilão nos Estados Unidos. A defesa de Bolsonaro não comentou o relatório. Mas, ao longo da investigação da PF, os advogados do ex-presidente afirmaram que ele agiu dentro da lei e declarou oficialmente os bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens. (Globo)

De acordo com a PF, as investigações indicaram que “os proventos obtidos por meio da venda ilícita das joias desviadas do acervo público brasileiro” retornaram ao patrimônio de Bolsonaro e de sua família, por meio de lavagem de dinheiro, custeando suas despesas enquanto ele estava nos Estados Unidos, entre dezembro de 2022 e março de 2023, depois de ser derrotado nas eleições presidenciais para Lula. “A utilização de dinheiro em espécie para pagamento de despesas cotidianas é uma das formas mais usuais para reintegrar o ‘dinheiro sujo’ à economia formal, com aparência lícita”, diz o texto da PF. (Folha)

Marcelo Godoy: “O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) diz que o pai sofre perseguição política. A PF e Moraes escolheram a dedo a ordem dos indiciamentos de Bolsonaro de olho no principal argumento da defesa do ex-presidente. Era preciso acusá-lo de se apropriar de joias e de falsificar de cadernetas de vacinação antes de responsabilizá-lo pela tentativa de golpe em razão do 8 de Janeiro. Esvaziava-se assim a tese da perseguição política antes de a Corte retomar em agosto o julgamento que revê o foro privilegiado, o que deve colocar o pai do senador no colo dos ministros”. (Estadão)

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