Ultradireita a uma semana de dominar a França

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Uma nova era na história da França pode ter começado no domingo, 30 de junho. O tiro no escuro que o presidente Emmanuel Macron deu ao convocar eleições relâmpago para a Assembleia Nacional pretendia derrubar o crescimento da ultradireita, mas acertou em cheio seu próprio governo e bancada parlamentar. No primeiro turno do pleito que definirá os 577 deputados do país, os candidatos do Reunião Nacional (RN) conquistaram a maioria dos votos (33,1%, segundo o Ministério do Interior), liderando em 297 dos 577 distritos eleitorais. A união de quatro partidos de esquerda ficou em segundo lugar (28%), à frente em 159 distritos; e os governistas de centro, apoiados por Macron, amargaram um terceiro (20% e 70 distritos) e podem perder mais da metade de suas 250 cadeiras. Em uma eleição com o maior número de eleitores desde 1997, os franceses parecem dispostos a dar uma chance ao discurso nacionalista do RN após uma década de esforço de Marine Le Pen para higienizar a antiga Frente Nacional. Caso a vitória se confirme no segundo turno, no próximo domingo, a expectativa é que o extremista Jordan Bardella, de apenas 28 anos, seja o próximo primeiro-ministro. “A democracia falou”, disse Le Pen, eleita em seu distrito ontem à noite. (Le Monde e The Economist)

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Apesar da derrota acachapante, Macron e seu grupo político esperam evitar o pior com uma coligação entre esquerda e centro que, nas três semanas entre a vitória dos extremistas no Parlamento Europeu e no primeiro turno de ontem, o presidente não chegou perto de realizar. Macron disse que é hora de uma “aliança ampla, democrática e republicana”. E o plano é: retirar do segundo turno todas as candidaturas onde os centristas não ficaram em primeiro e nem em segundo lugar, e os partidos de esquerda fariam o mesmo. Pelas regras do sistema francês, o segundo turno não é disputado apenas entre dois candidatos, mas entre todos que conseguiram mais de 12,5% dos votos. Sem maioria absoluta, o RN não seria capaz de aprovar, entre outros planos, o endurecimento das políticas de imigração. (BBC)

Milhares de franceses se reuniram na Praça da República, em Paris, para expressar sua raiva com a ascensão do RN. Veja fotos. (Guardian)

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