Lira leva evento de mulheres para Maceió e é alvo de protesto feminista
Após o desgaste por aprovar na Câmara a urgência de um projeto que comparava o aborto legal ao crime de homicídio, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não passou ileso a protestos de feministas no 1º Encontro de Parlamentares Mulheres do G20, realizado em Maceió, capital de seu estado.
Com faixas e cartazes, as manifestantes chegaram ao Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso no início da manhã, mas foram retiradas do local por policiais legislativos e agentes da Polícia Militar alagoana. Em uma das faixas, estava escrito “Abaixo o PL do Estupro. Fora Lira. Criança não é mãe, estuprador não é pai”.
A alegação dos policiais para retirar as manifestantes do local foi que o evento não era organizado pelo governo do estado, comandado por Paulo Dantas (MDB), que é opositor de Lira. Os protestos já eram esperados, tanto que os policiais legislativos que foram de Brasília para Maceió já estavam orientados a observar as movimentações e conter protestos, segundo fontes da Câmara que estavam em Alagoas.
‘Defesa equivocada’
No evento, Lira fez um discurso em defesa de direitos femininos como “passo civilizacional que precisa ser dado”. “Somente quando todas as mulheres tiverem voz, autonomia, segurança e oportunidade de alcançar seu pleno potencial é que teremos o mundo justo e harmônico que tanto desejamos”, disse o presidente da Câmara na abertura do evento. Em entrevista coletiva após sua fala de abertura, Lira reclamou que a pauta do aborto foi “mal conduzida”. “Como foi colocada, teve uma defesa muito equivocada em relação a estupradores e crianças indefesas”, disse aos jornalistas.
Lira também reclamou de equívoco em relação à proposta que anistia partidos políticos de não terem cumprido a cota racial e de gênero nas últimas eleições. Na semana passada, Lira chegou a colocar o PL da Anistia na pauta da Câmara e depois recuou. Hoje, ele defendeu a adoção de cotas no Congresso, negou que esteja para ser votada alguma matéria que conceda anistia aos partidos e disse que o texto só vai avançar se houver consenso entre a Câmara e o Senado. “É muito melhor você efetivar cadeiras do que se exigir percentual de candidatas, que geram candidatas laranjas e que não participaram das eleições”, disse Lira.
O encontro internacional em Maceió tem o objetivo de discutir formas de ampliação da participação feminina nas pautas globais do G20, com foco na justiça climática e no combate às desigualdades. O evento contou com mulheres de cinco organismos internacionais: União Interparlamentar, União Europeia, ONU, ONU Mulheres e Mercosul, além de representantes de 26 países: Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Brasil, China, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, República da Coreia, Rússia, Angola, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Bolívia e Paraguai. Ao todo, são 171 parlamentares participam do encontro. (Folha, Carta Capital e Meio)