Lilia Schwarcz homenageia Lima Barreto em cerimônia de posse na ABL

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A historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz assumiu a cadeira 9 da Academia Brasileira de Letras nesta sexta-feira em cerimônia realizada na sede da instituição, no Rio de Janeiro. Ela sucede o diplomata e historiador Alberto da Costa e Silva, grande estudioso sobre África e seu mentor. Em seu discurso, Schwarcz lembrou ser apenas a 11ª mulher na ABL, fundada em 1897 e que só aprovou a entrada feminina em 1976. “A agenda da diversidade, aquela em que me formei, na história e na antropologia, diz respeito à variedade e à convivência de ideias, com vistas à alteridade”, disse. “Ainda vivemos, porém, em um país que é o quinto maior na triste marca dos feminicídios e o campeão em transfeminicídios; que penaliza mais o aborto do que o estupro; que desrespeita reservas e direitos indígenas conquistados por quem vive há milênios em paz com a floresta; que sistematicamente destrói seu meio ambiente”, continuou.

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Professora sênior do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP), com quase 30 livros publicados, sozinha ou em parceria, é uma das principais estudiosas das questões raciais, tendo escrito obras como O Espetáculo das Raças e a biografia Lima Barreto: Triste Visionário. Durante sua fala, ela destacou as três tentativas frustradas de Lima Barreto, autor negro que denunciava o racismo em suas obras, de ingressar na Academia, enquanto seus biógrafos brancos conseguiram. “É paradoxal pensar que dois de seus biógrafos, o jornalista e escritor Francisco de Assis Barbosa, autor de biografia fenomenal sobre o autor de Policarpo Quaresma e responsável pela retomada da obra de Lima, e eu mesma, aqui estamos. Penso que não será coincidência, tampouco, sermos brancos”, conclui.

Na ABL, Lilia vai dar continuidade à pesquisa de iconografia de Machado de Assis, iniciada pelo historiador José Murilo de Carvalho, e deve dar andamento ao trabalho de seu mentor Alberto da Costa e Silva, sobre a memória feminina. (Globo)

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