Com Haddad na berlinda, fala de Lula amplia incerteza sobre política fiscal

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Em meio a incertezas sobre a condução do ministro Fernando Haddad na Fazenda, o presidente Lula afirmou em um evento nesta quarta-feira que o Brasil tem estabilidade política e econômica “de sobra para oferecer”. E afirmou que o governo está “arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”. Em seguida, defendeu o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros para permitir “a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”. A percepção de enfraquecimento político de Haddad e os ruídos sobre a condução da política fiscal brasileira, contribuíram para a alta do dólar nesta quarta-feira, que fechou cotado a R$ 5,405. Pouco mais de uma semana após inaugurar um novo modelo de articulação política, o governo se vê em mais uma crise, que incluiu devolução de parte da MP da Compensação pelo Congresso, além do cancelamento do leilão do arroz, cuja expectativa era a de trazer louros ao Palácio do Planalto. A desarticulação entre ministros e auxiliares de Lula continua como antes. E a insatisfação de deputados e senadores chegou a Haddad, até então poupado do arsenal de críticas dirigido à equipe de Lula, por enviar ao Congresso uma medida sem negociar antes com os principais nomes da Câmara e do Senado. Até os mais fiéis aliados do governo têm reclamado do sucessivo envio de propostas da Fazenda sem prévio debate, sempre com a justificativa de serem fundamentais para a saúde da economia. (Folha)

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Já a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou à Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional que o governo está discutindo a desvinculação de benefícios concedidos pelo governo da política de valorização do salário mínimo. Ainda não há decisão política tomada, que será da Junta de Execução Orçamentária (JEO) e do presidente Lula. Ela afirmou que os problemas do Orçamento são as vinculações e as renúncias fiscais. E que, mantido o atual cenário, o governo tem condições de alcançar o déficit zero neste ano. (Valor)

E com o objetivo de enfrentar a questão fiscal, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que o banco está aumentando em 50% os dividendos pagos ao Tesouro. “Temos o desafio fiscal, temos de estabilizar a relação dívida/PIB”, comentou. (CNN Brasil)

Alvaro Gribel: “Lula não se cansa de errar na economia. Ele, diretamente, ou seus assessores mais próximos, que elaboraram um discurso inapropriado para o momento atual dos mercados de câmbio e juros. O resultado da fala desta quarta-feira – que, em outro momento, poderia ter pouco impacto – foi mais uma disparada do dólar. No momento em que a desconfiança com a política econômica atinge seu grau máximo neste mandato, e Haddad dá declarações de que enviará ao presidente um cardápio para cortes de despesas, Lula ignora a necessidade de reduzir gastos para salvar o arcabouço fiscal”. (Estadão)

Raquel Landim: “Um ministro da Fazenda só cai quando perde o apoio do presidente da República. Lula já desautorizou Haddad muitas vezes e, certamente, está insatisfeito com ele. Hoje, em evento no Rio de Janeiro, o presidente circulava para cima e para baixo com Mercadante, chefe do BNDES. Mas talvez Mercadante seja a maior garantia para Haddad de que ele fica no cargo, pelo menos, por enquanto. Políticos e agentes de mercado dizem que o ministro pode ter errado na MP, mas é bem-intencionado e vem cuidando com zelo da economia do país. Já o nome de Mercadante causa arrepios. Nas palavras de um senador, Haddad hoje não cai porque ninguém duvida que o substituto seria bem pior”. (UOL)

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