Para acertar relação com Congresso, Lula se reunirá com articulação semanalmente
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir semanalmente com os responsáveis pela articulação política e também receber de forma mais regular lideranças do Congresso. A promessa foi feita hoje, pela manhã, na reunião com o ministro Alexandre Padilha e é responsáveis pela articulação do governo na Câmara e no Senado. A ideia é que essas reuniões ocorram toda segunda-feira.
A participação direta de Lula na articulação se dá após uma semana de derrodas acumuladas no Congresso, inclusiva na sessão conjunta que derrubou vetos de Lula em relação às “saidinhas” e manteve vetos do ex-presidente Jair Bolsonaro, impedindo a punição a atos de “comunicação enganosa em massa”, por exemplo.
No entanto, não é a primeira vez que Lula diz que cuidará pessoalmente da relação com parlamentares com o objetivo de melhorar sua relação com o Legislativo. No início deste ano, por exemplo, após ser aconselhado, o presidente se dispôs a fazer a mesma coisa, no entanto, o que não impediu ocorrências de episódios bastante tensos com as duas Casas.
Para a reunião de hoje, também foram convidados o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que não compareceu por estar em viagem à China, e o o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está em viagem ao Vaticano.
“Agora, ajustando a agenda, passado o momento mais crítico em relação ao Rio Grande do Sul, o presidente pretende fazer com uma certa regularidade essa reunião, às segundas-feiras, de manhã”, informou Padilha.
Apesar da sucessão de derrotas da semana passada, Padilha fez uma avaliação “positiva” da articulação do governo após se reunir com Lula e com os líderes do governo nas duas Casas legislativas. Segundo ele, a pauta prioritária do governo é a econômica e já havia por parte do Planalto a consciência de que sairia perdendo na questão dos vetos de Lula às restrições das saidinhas de presos e a manutenção dos vetos feitos por Jair Bolsonaro.
“Nada que aconteceu na sessão do Congresso surpreendeu os articuladores do governo e, da nossa parte, nós fizemos o debate que deveria ser feito”, disse o ministro. “A avaliação é positiva em relação ao avanço da pauta prioritária do governo. São projetos econômicos e sociais.”
Praias
Além das derrotas, na semana passada a oposição se movimentou para conseguir articular avanços de pautas enquanto muitos deputados e senadores se encontravam ausentes. Um desses casos foi a audiência pública sobre a PEC que acaba com os chamados terrenos de Marinha, tirando-os da União.
O relator da PEC, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), aproveitou um requerimento aprovado do senador Rogério Carvalho (PT-SE) para realizar uma audiência pública sobre o assunto na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O assunto repercutiu e, para o ministro, a tentativa do senador de tentar fazer avançar a proposta no Congresso esvaziado acabou lançando luz ao tema.
“O governo tem posição contrária a essa proposta. O governo é contrário a qualquer programa de privatização das praias públicas, que cerceia o povo brasileiro de poder frequentar essas praias. Foi feita uma audiência pública que teve um efeito positivo porque deu visibilidade a ela. Teve até Neymar e Luana Piovani discutindo sobre o tema”, disse. “Todo mundo agora está sabendo que o tema existe, então foi bom.”