Em reunião, Lula pede a petistas que ‘lavem a roupa suja em casa’

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Na reunião desta segunda-feira com os responsáveis pela articulação do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou para passar recados incômodos a petistas. Ele procurou demonstrar que estava de bom humor e ironizou o fato de uma reunião com seu ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), e seus líderes na Câmara e no Senado ser tratada como uma resposta política às derrotas que o governo teve na semana passada. Lula buscou passar a ideia de que o encontro é mais que natural e este foi a deixa para falar sobre seus incômodos.

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Dirigindo-se ao líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), Lula se mostrou incomodado com as falas do cearense em entrevista à Folha de S.Paulo, na semana passada, na qual ele defendeu uma reforma ministerial, disse que o PT estava sem rumo e que, se estivesse tudo bem com o governo, Lula estaria com 80% de aprovação. O pedido a Guimarães foi para que a reunião desta segunda-feira fosse o momento de “lavar a roupa”, e que não tem por que levar problemas internos ou críticas a ele e ao governo para a esfera pública. Interlocutores do Planalto ouvidos pelo Meio contaram que “Lula deu a bronca e sorriu”. Mas o recado foi claro.

O presidente também se mostrou aberto a críticas, dizendo que pode até concordar com algumas a ele, ao PT e ao governo. No entanto, pediu que as discussões sejam feitas dentro do palácio e não pela imprensa, referindo-se à entrevista de Guimarães e à cobrança pública feita pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), para que ministros de outros partidos sejam chamados a defender pautas do governo.

Erro na articulação

Com a crítica feita por Gleisi, Lula concorda. Ele disse aos presentes à reunião que o governo errou em não fazer essa cobrança dos ministros e que, daqui para frente, quer que, em votações consideradas importantes, esses ministros sejam incumbidos de articular apoio ao governo em suas bancadas.

Até o momento, não há uma reforma ministerial no horizonte. Lula resiste à ideia de “refundar o governo”, mas não descarta mudanças na virada do ano, depois que o resultado das eleições demonstrar o tamanho político de cada partido ou de setores como o Centrão e bancadas temáticas.

Lula também não pensa em mudar agora nomes na articulação, mas antevê um problema em relação ao seu líder no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), em uma possível eleição do senador Davi Alcolumbre (União-AP) para presidir o Senado e o Congresso no próximo biênio. Randolfe antagoniza com Alcolumbre na disputa pelo eleitorado do Amapá, um estado pequeno. Com isso, o presidente acredita que não pode trazer para a articulação do governo essa rivalidade. E Randolfe, nessa situação, poderá ser substituído.

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