Programa para ajudar países pobres a combater a mudança climática leva bilhões de dólares de volta a países ricos

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Um programa criado para financiar países pobres a combater a mudança climática está levando de volta bilhões de dólares a nações ricas, como Japão, França, Alemanha e Estados Unidos. Eles criaram meios de canalizar parte do montante de volta às suas economias a partir de empréstimos com juros de mercado e de subsídios com exigências de que o receptor compre material ou contrate serviço de empresas do país doador.

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Foram emprestados US$ 18 milhões nessas condições, dos quais 10,2 vieram do Japão, 3,6 da França, 1,9 da Alemanha e 1,5 dos Estados Unidos, segundo análise da Reuters de dados da ONU e da OCDE. Outros 11 milhões de dólares, quase todos provenientes do Japão, exigem que quem receber a doação deve comprar material ou contratar companhias da nação doadora. Em projetos relacionados ao clima, os juros normalmente são baixos ou mesmo inexistentes.

Especialistas disseram à reportagem que essa exigência não é tão prejudicial quanto os juros altos atrelados ao empréstimo. Isso porque às vezes é necessário recorrer à expertise de outra nação. Porém, em outros casos, trata-se de beneficiar a economia do país doador as custas do mais pobre e, assim, minar a cooperação global para combater a mudança climática.

Representantes que gerenciam o fundo disseram que eles dão prioridade à doações aos países mais pobres e e que consideram o nível de dívida de uma economia antes de emprestar dinheiro à nação em questão.

A maioria dos empréstimos e subsídios analisados são parte do compromisso das nações desenvolvidas em enviar 100 milhões de dólares ao ano até 2020 para as nações pobres mais afetadas pela mudança climática. Entre 2015 e 2020, foram pagos US$ 353 bilhões, dos quais 189 foram enviados diretamente entre países, foco do levantamento da Reuters. Destes, 54% são empréstimos.

Analistas dizem que os países ricos exageram ao anunciar suas contribuições, já parte do dinheiro retorna de onde veio por meio pagamento de empréstimo, juros e contratos de trabalho. (Reuters)

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