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Entenda por que os EUA estão unidos contra o TikTok

Os políticos americanos se uniram e decidiram; o TikTok ou vende ou vaza. Republicanos e democratas se uniram, um evento cada vez mais raro, para definir que o aplicativo precisa vender a parte da ByteDance ou sair do país. O Congresso aprovou, o Senado aprovou, o Biden assinou. E em ano de eleição presidencial!

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Republicanos e democratas não dão as mãos quando o assunto é direito da mulher ou regulamentação de armas, né? Sendo que só neste ano já foram 124 tiroteios em massa com mais de 160 vítimas fatais e 486 feridos. Mas o problema é que a ByteDance é dona do TikTok então os dados dos americanos estão em risco.

Então, o país do empreendedorismo livre obrigou a empresa a vender a parte da ByteDance até janeiro do ano que vem OU o aplicativo será banido no país. São 270 dias extensíveis em até 90 que o TikTok tem para ater às novas regras. Para aprovarem a medida no Congresso, a rede social entrou num pacotão de segurança nacional que irá entregar US$ 95 bilhões em ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan.

Ou seja, não é só Ucrânia e Israel que estão em guerra para a política americana, mas também a China com o controle do TikTok.

O senador republicano Marco Rubio disse “por anos deixamos que o partido comunista chinês controlasse o aplicativo mais popular da América!”

E você, tem medo do partido comunista chinês possivelmente tendo acesso aos seus dados ou que bilionários americanos tenham os seus dados?

Se você não me conhece, eu sou Bruna Buffara e esse é o Curadoria.

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A briga contra o TikTok não vai ser pequena. Primeiro porque 150 milhões de americanos usam o TikTok, segundo porque essa rede social de dancinha e vídeo viral é muito mais que só dancinha e vídeo viral.

Os vídeos curtos informam e, por isso, são a principal fonte de notícia de 20% dos jovens de 18 a 24 anos.

O aplicativo não deveria mais precisar de introduções porque ele já mostrou o impacto cultural que tem. As trends de moda surgiram em contas do TikTok e foram disseminadas de tal ponto que tendências como Clean Girl Aesthetics estava em alta até este ano. As músicas que viralizam dentro do TikTok depois fazem sucesso na Billboard.

O bookTok, que recomenda livros, foi responsável até por aumentar venda de livro físico no Reino Unido.

O TikTok é chinês e é da da ByteDance, que olha, repetidamente nega ser uma agência chinesa, com a prova de que 60% da empresa é de investidores globais.

E essa faca da Segurança Nacional tem dois gumes, que é, se é um problema para cidadãos americanos o TikTok reter dados de usuários, por que não é um problema para cidadãos chineses que as redes do Zuckerberg retenham dados? Ou por que não é um problema para cidadão americanos que Zuckerberg tenha seus dados?

Tanto por isso que a China pediu o bloqueio do Threads e dos aplicativos da Meta nas lojas de Apple na sexta-feira, com a mesma justificativa.

Afinal, rede social capta sim nossos dados. Nós usuários sabemos disso. O TikTok pega nossos dados, o instagram pega nossos dados, o facebook pega nossos dados. Qual a diferença?

Os dados que o TikTok armazena ficam nos Estados Unidos, em servidores da Oracle, e na Singapura. O aplicativo já faz isso para fugir da ideia de que os dados estão em contato com a China. Porém alguns dados de algumas contas ficam, sim, na China, o que segundo o CEO do TikTok é porque são contas afiliadas ao aplicativo, que recebem pagamento por conteúdo postado.

O ponto que o Congresso americano se uniu com tanto fervor é que existe uma lei, chinesa, de 2017 que permite que o governo acesse dados pessoais que sejam relevantes à segurança nacional do país.

Lembrete de que aqui, no brasil, a Justiça também pode pedir acesso a dados pessoais de redes sociais quando isso é um problema para a segurança.

Só que o problema, de verdade, é que quase toda empresa explora os dados dos usuários. O ideal seria que os Estados Unidos fizessem a própria LGPD, proibindo empresas também de coletarem tanto dado sensível em primeiro lugar.

E não é a primeira vez que uma venda forçada é pedida pela Justiça americana. Em 2020, o GRindr teve que ser vendido por 608 milhões de dólares para uma empresa americana. Sim, o Grindr, e Tinder das gays, era também tido como uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.

As gay preocupada em saber se tem local e os Estados Unidos preocupado com ameaça
Piada à parte, no caso do Grindr a preocupação era de que o governo chinês ameaçasse oficiais do governo com os dados do aplicativo.

E, assim, o app foi vendido para uma empresa americana.

Mas o TikTok é um pouco maior que o Grindr, e o CEO vai recorrer porque ele entende isto como uma censura. No vídeo, bem sensacionalista né mas é uma luta dele, que ele publica ele fala que é uma censura da voz dos usuários e que irão recorrer e prevalecer.

Provavelmente usando a liberdade de expressão como base, né, a Primeira Emenda da Constituição americana.

A briga ainda pode envolver os usuários que, individualmente, tomem medidas legais também.

Outro problema dessa medida, apontada por algumas organizações é sobre os precedentes que a proibição ou venda pode gerar, porque estabeleceria que o governo americano poderia ter controle das redes sociais. A American Civil Liberties Union, por exemplo, se manifestou assim e tem pesquisadores de Tech que dizem que a venda é irrelevante à segurança nacional e que vai contra o princípio do livre mercado.

Essa história vai dar um papão e um imbroglio judicial bacana de assistir nos próximos meses. Principalmente porque É eleição presidencial! E sabe o que? O presidente Biden continuará fazendo sua campanha presidencial pelo TikTok.

Ah, o Congresso Americano, se une pra banir ou vender aplicativo chinês mas não pra regulamentar arma ou direito da mulher, né? No país da liberdade.

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