Padilha fez apelo a colegas: ‘Não cair na gritaria da extrema direita’
A contar pela apresentação em Power Point que o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), levou para a última reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo está preocupado com o potencial da oposição de emplacar a chamada “pauta de costumes” nesse ano de eleições municipais.
O aviso de “Não cair na gritaria da extrema direita” aparece bem destacado, em vermelho brilhante, na página em que a articulação política elenca a agenda de curto prazo no Congresso.
O assunto mereceu uma explanação detalhada e um pedido do ministro aos demais colegas. “Entrar na pauta de costumes só dará fôlego para a oposição. Focar na pauta do governo é a melhor forma de enfraquecê-los”, recomendou Padilha.
Pauta enxuta
O tempo é curto, visto que o Congresso deverá entrar em letargia a partir de julho, quando ocorrem as convenções partidárias e as candidaturas são homologadas. Assim, a pauta de interesse do Planalto também é enxuta e envolve as discussões já acaloradas sobre a reoneração da folha de pagamento, a criação de carreiras como a dos profissionais de tecnologia da informação e indigenistas e analista de políticas sociais, a ampliação da isenção de imposto de renda de pessoas físicas, além das discussões orçamentárias, que ocorrem todo ano.
Na apresentação, Padilha se mostrou preocupado com a prática da oposição, no seu entender, de “fabricar problemas artificialmente, sobretudo no ambiente digital”. “Transparência e diálogo são as melhores vacinas”, ressalvou o ministro. Outra estratégia é “manter canais permanentes com bancadas temáticas e setores da sociedade civil organizada”. É aí que entram os acenos que estão sendo feitos, principalmente para a bancada evangélica.
Na reunião, o ministro receitou: “Pauta de costumes é competência do Congresso, e não está na agenda do governo”. “Investigados por tentativa de golpe querem criar fantasmas para tumultuar ambiente político. Eleições deste ano são oportunidade para isolarmos quem desrespeita o Estado Democrático de Direito”, conclui o slide que detalha a estratégia.