Delação de Mauro Cid preocupa ala de militares golpistas

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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, fechou um acordo de delação com a Polícia Federal para aliviar sua situação com a Justiça envolvendo crimes como fraude de carteira de vacinação e tentativa de golpe de Estado. Para a colunista Mariliz Pereira Jorge, enquanto há uma ala das Forças Armadas satisfeita, outro grupo, ligado aos movimentos golpistas, incluindo os generais Augusto Heleno e Braga Netto, deve estar muito preocupado. No #MesaDoMeio, ela avalia que o fato de o ministro do STF Alexandre de Moraes ter aceitado esse acordo é porque o militar tem coisas graves a revelar. “Ele não aceitou essa delação porque o cara contou a história da carochinha ou coisas que a gente já sabe. Deve ter informação que torna incontestável essa decisão do Moraes.”

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Para o cientista político Christian Lynch, o cálculo que Cid deve ter feito para fechar um acordo com a Justiça passa por se convencer de que seu líder lhe traiu e resta salvar o que puder de sua carreira. “Para esse cara delatar, é porque em algum momento ele se convenceu ou foi convencido de que Bolsonaro está perdido, que abandona todo mundo, que não é confiável, e a melhor coisa a fazer é salvar a própria pensão.”

Mas salvar-se como puder não o exime de encarar diversos constrangimentos públicos, como a possibilidade de ser expulso do Exército. O editor-chefe do Meio, Pedro Doria, lembra que o cargo de ajudante de ordens do presidente da República é muito prestigiado nas Forças Armadas, sendo natural que um tenente-coronel seja promovido a general após essa passagem. “Quando se chega a esse cargo, ninguém imagina que você não chegará às quatro estrelas. Você já é um dos oficiais mais brilhantes de sua geração.” Mas, além de não ser promovido, Cid poderá ser humilhado ao receber seu salário como pensão em nome da esposa, caso seja considerado “morto ficto” pela corporação. “Ele vai receber o dinheiro em condições que, para ele e para toda a história de vida que construiu, é humilhante.”

No fim de semana, os bolsonaristas retomaram com força as ondas de desinformação, ao dizerem que as doações para vítimas do ciclone que atingiu o Rio Grande do Sul só poderiam ser entregues na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava na cúpula do G20, na Índia. Para Mariliz, o intuito da propagação de fake news foi orquestrada para tirar de foco a delação de Cid. “Para mim, ficou muito claro, porque a gente tem visto essa militância bolsonarista meio quieta nas redes. Você vê que tem uma coisa ou outra, mas não escala da forma como costumava, mas neste fim de semana isso aconteceu em cima de uma tragédia, de gente morrendo”, afirma.

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