Debate sobre crianças trans está no Congresso desde 2011, diz Jean Wyllys

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O debate sobre crianças trans não começou neste ano, com um cartaz na Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, que dizia existir crianças trans. Para o professor, jornalista e ex-deputado federal Jean Wyllys (PT-SP), essa história começa em 2011 com o debate no Congresso sobre o projeto Escola Sem Homofobia, rebatizado pela extrema direita, principalmente setores ligados aos neopentecostais, como “kit gay”. Em entrevista à repórter especial Luciana Lima no programa Conversas com o Meio, ele destaca que “essa mentira era dita e repetida por parlamentares da bancada evangélica, entre eles Bolsonaro e Anthony Garotinho, ambos da base do governo Dilma”.

Quando era deputado federal ainda pelo PSOL, Jean criou um projeto de lei em 2013 sobre identidade de gênero, que pensava uma política pública ampla sobre a questão transgênera, que reconhecia, por exemplo, a infância trans. “Está cada vez mais visível a questão da transgeneridade, que antes era sufocada pela violência, seja porque as pessoas trans eram expulsas de casa muito cedo, ou porque elas eram obrigadas a internar um gênero que elas não estavam de acordo.”

Como professor e político, ele afirma que a escola pode ser um espaço de acolhimento da diversidade sexual e de gênero ao mesmo tempo em que separa crenças pessoais dos fatos acadêmicos. “A escola pode ser o lugar da formação do cidadão crítico, de distinguir o que é informação de desinformação.” Mas, para isso, seria importante uma política que envolvesse diferentes áreas do poder público para combater a injúria e dar segurança ao público LGBTQIA+. “É inaceitável que em 2023 existam figuras públicas perpetrando abertamente a homolesbotransfobia sem nenhum tipo de punição, nem que seja com multa”, conclui.

De volta ao Brasil após se refugiar no exterior durante o governo Bolsonaro, Jean diz ser difícil avaliar quantos bolsonaristas podem ser recuperados porque o grupo não é coeso e tem pautas diferentes. Entre eles, há membros de igrejas neopentecostais, empresários, o agronegócio, além das pessoas que “votaram identificadas com o mau”, se referindo aos adeptos do fascismo. Com estes últimos, ele crê não ter como dialogar. “Os fascistas nós temos de tratá-los construindo um cinturão sanitário contra a atuação deles, e desmontando seus discursos, que são baseados na mistificação, na mentira e na paranoia.”

Ele lembra que a democracia esteve gravemente ameaçada pelo governo anterior, o que afetou a imagem do país no exterior. “O Brasil retrocedeu, perdeu acordos comerciais e respeito internacional. Bolsonaro não era respeitado pelo mundo democrático, ele era considerado um palhaço de extrema direita que comprometia seriamente a democracia no Brasil”, avalia. A ameaça não era apenas ao Brasil. Segundo Jean Wyllys, ao destruir políticas ambientais e desproteger a Amazônia, o ex-presidente colocou em risco o futuro do planeta.

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