Hidrogênio verde e combustíveis fósseis continuarão coexistindo

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O hidrogênio verde é o combustível do futuro. Isso porque ele gera baixa ou nenhuma emissão de carbono na atmosfera, a depender da fonte utilizada para sua produção. Enquanto o mercado do petróleo é finito a longo prazo, o de hidrogênio é considerado infinito porque suas fontes vêm de energias renováveis, como a solar e a eólica. Mas para Filipe Bonaldo Alves, especialista em energia limpa e sócio diretor da A&M Infra, o hidrogênio não vai substituir os combustíveis fósseis completamente. Em entrevista à jornalista Andrea Freitas no programa Conversas com o Meio, ele afirma que haverá uma coexistência desses combustíveis, e não uma substituição. “O caminho vai ser uma redução da dependência do óleo para combustível, por exemplo, e começar a ter mais hidrogênio e outras possibilidades, como etanol”, avalia.

Ele esclarece que os caminhos para descarbonizar o planeta dependem da avaliação local ao entender o que cada região precisa para reduzir as emissões de CO2 na atmosfera. No Brasil, por exemplo, há muita emissão por conta dos transportes, mas, segundo Filipe, não seria preciso eletrificar esses meios, pois o etanol é um combustível de baixa emissão poluente. “Então, a depender da localização que você está, vai ter fontes que são mais interessantes e vamos ter alguns locais que vão continuar usando a fonte fóssil por muito tempo”, pondera.

Mesmo com uma matriz energética muito rica, o Brasil não tem aproveitado a capacidade de produzir energia limpa para uso próprio e para exportação a países cuja demanda deve aumentar nas próximas décadas. As atuais projeções apontam para a produção de aproximadamente cinco mil a sete mil toneladas de hidrogênio verde nos próximos anos. “O que não é nada perto da demanda que a gente vai ter globalmente de quase 90 milhões de toneladas”, avalia Filipe. Para reverter esse quadro, o especialista afirma que é necessário pensar em uma política nacional de hidrogênio. “O Governo deveria, de alguma forma, participar desse mercado visto que é de alta capacidade de geração de riqueza para o país.”

Apesar dos benefícios ambientais e do mercado promissor, essa fonte ainda não é economicamente competitiva para entrar no mercado de energia e causar impactos significativos em relação aos combustíveis fósseis. Para Filipe Bonaldo, ainda serão necessários grandes avanços na indústria para ter equipamentos mais baratos, redução nos custos de operação, manutenção e de transporte, além de uma importante discussão sobre o aspecto tributário desse mercado. “Se a gente fizer uma comparação com a energia solar ou a eólica, elas também não eram tão competitivas como são hoje, mas teve muito incentivo para seguir esse caminho. E com o hidrogênio vai ser o mesmo”, afirma. Ele aposta que nos próximos cinco anos haverá uma redução nos custos de produção, tornando o hidrogênio verde mais competitivo.

Um outro ponto importante na redução da pegada de carbono que ainda é pouco falado, mas tem um resultado relevante, está na conscientização do uso pessoal dos recursos. “Em vez de você usar seu ar condicionado a 21°C para esfriar a sala, se usar em 22°C, já gera uma economia incrível”, explica.

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