Ministério das Mulheres quer unir progressistas e conservadoras contra a violência

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Sob o comando de Cida Gonçalves, o Ministério das Mulheres terá duas prioridades: a igualdade de gênero e o combate a violência contra a mulher. Em entrevista à repórter especial Luciana Lima no programa Conversas com o Meio, a ministra diz trabalhar com pautas que unem mulheres progressistas e conservadoras, como violência doméstica e igualdade de direitos. “Não é possível que a bancada feminina ou a bancada conservadora seja a favor do feminicídio ou do estupro.” Ela cita pautas importantes como a qualificação profissional e a inclusão digital de mulheres, que julga importante avançar na sociedade. “Essas pautas nos une. As outras nós vamos fazer o debate uma a uma. O que for possível avançar, vamos avançar, o que não for, uma vai respeitar a posição da outra. Democracia é isso.”

Para que haja avanços, Cida Gonçalves diz ser preciso enfrentar a misoginia instalada nos espaços de poder, que inclui parlamentares, jornalistas, influenciadoras e outros membros da sociedade civil. Ela avalia que o episódio envolvendo o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que usou uma peruca para atacar mulheres trans em seu discurso no Congresso no Dia das Mulheres, é uma forma de calar as vozes femininas no poder. “Você mata o corpo das mulheres no feminicídio e nesse caso, faz com que as mulheres não falem. Nós não podemos permitir.”

A ministra destaca o machismo da sociedade brasileira que permeia toda a vida política e as conquistas das mulheres por espaços de poder que vieram com muita luta. “Para garantir nossos direitos na Constituição Cidadã, tivemos muitas mulheres na rua. Não foi porque caiu do céu ou porque os homens estavam aqui”, ressalta. “O poder continua sendo masculino, então ter mulheres nesses espaços, para eles é ruim, porque para entrar uma mulher, um homem tem de sair. Essa é a conta.”

Para garantir a equidade de gênero em todos os espaços de convivência social, seja no trabalho, ou em casa, será preciso criar dispositivos que estimulem as mudanças necessárias. Ela cita, como exemplo, os projetos para que as empresas sejam obrigadas a equiparar os salários dos funcionários. “A Constituição e a CLT garantem a igualdade, mas a grande questão é que nenhuma delas diz quais serão as consequências de quem não respeitá-las”, pondera.

Ela ainda conta sobre a mudança de concepção das políticas para as mulheres que ocorreu após o final dos governos do PT . “Nós tínhamos uma secretaria de política para as mulheres, que pensava nelas enquanto sujeito de direitos, e toda política era elaborada para isso”. A mudança começou no governo Temer e se agravou quando a secretaria tornou-se de família no governo Bolsonaro, alterando as estratégias para a elaboração de políticas públicas. Outro ponto importante foram as mudanças de ministério que a secretaria sofreu nos últimos anos. “E para cada lugar que vai, perde dinheiro e poder”, complementa.

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